Confusão de sobra –
A mistura entre interesses particulares e públicos ou políticos, no caso da denúncia do patrocínio da Petrobras para a Fundação José Sarney (através da Lei Rouanet), é mais um motivo para a instalação da CPI da Petrobras/ANP, que vem se arrastando por manobras da base governista. O patrocínio entre 2005 e 2007 à Fundação, que tem o nome do presidente do Senado Federal, e por finalidade preservar a imagem do ex-presidente da República, mostra também os favores entre amigos com o dinheiro público.
As empresas que emitiram notas ficais, que tiveram o objetivo de comprovar a aplicação de R$ 1,3 milhão repassados pela estatal, são de amigos ou de subordinados ao grupo Sarney no Maranhão. O presidente do Senado, em nota divulgada nesta manhã, garantiu que o dinheiro foi “aplicado corretamente”.
A denúncia publicada hoje no jornal “O Estado de S. Paulo” demonstra essa promiscuidade.
– R$ 30 mil foram para a TV Mirante e para as rádios Mirante AM e a Mirante FM, de propriedade da família Sarney, a título de veiculação de comerciais sobre o projeto fictício.
– Na relação de despesas foram anexados até recibos da própria entidade para justificar o saque de R$ 145 mil da conta aberta para movimentar o dinheiro do patrocínio.
– Em recibo de 23 de março de 2006, em papel timbrado da fundação, Raimunda Santos Oliveira declara ter recebido R$ 35 mil por “serviços prestados de elaboração do projeto de preservação e recuperação do acervo” do museu. Procurada ontem pelo Estado, ela disse que já trabalhou na fundação, mas nos anos 90.
– A empresa Ação Livros e Eventos tinha como sócia, até pouco tempo atrás, a mulher de Antônio Carlos Lima, o “Pipoca”, ex-secretário de Comunicação da governadora Roseana Sarney (PMDB) e atual assessor do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, aliado da família.
– A Clara Comunicação, que emitiu R$ 103 mil em serviços ao projeto da fundação, é de Felix Alberto Lima, irmão de “Pipoca”.
– O Centro de Excelência Humana Shalom não existe nos endereços declarados à Receita Federal. Teria recebido R$ 72 mil da Fundação José Sarney. À época, a Shalom tinha como “sede” a casa da professora Joila Moraes, irmã de Jomar Moraes, integrante do Conselho Curador da Fundação José Sarney e amigo do senador.
– Uma terceira empresa, a MC Consultoria, destinatária de R$ 40 mil, nunca existiu no endereço no qual foi registrada na Receita. Funcionários do prédio jamais ouviram falar da “MC”.