Maçarico aceso – Há dias, antes de embarcar em um giro pelo Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva disse que em várias cidades brasileiras discutiria com políticos locais problemas do País. Na verdade, esse tipo de discussão cabe à presidente Dilma Rousseff e aos partidos de oposição, que precisam desse expediente para reforçar o discurso contra o Palácio do Planalto. De tal modo, não cabe ao ex-metalúrgico Lula, como integrante do partido que está no poder central, essa tarefa.
Acontece que Lula da Silva está em plena campanha para voltar ao Planalto em janeiro de 2015. E para tal ele parece não se incomodar com o aperreio político patrocinado à sua sucessora.
Na verdade, Lula está circulando pelo Brasil com o intuito de criar uma plataforma nacional que garanta o seu retorno à Presidência da República. O ex-presidente tem defendido em suas paradas a não realização de prévias partidárias no Partido dos Trabalhadores para as eleições municipais de 2012, o que em tese pode lhe facilitar o trabalhão de emplacar seus candidatos em algumas das principais cidades brasileiras.
É o caso de São Paulo, onde Luiz Inácio da Silva insiste em fazer do ministro Fernando Haddad, da Educação, o candidato petista à sucessão de Gilberto Kassab, atual prefeito da capital dos paulistas. Enquanto alguns “companheiros” do PT se mobilizam na Pauliceia Desvairada com vistas à conquista do trono paulistano, Lula contempla silenciosamente o chamado “fogo amigo”, que já chamuscou o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e a senadora Marta Suplicy, vice-presidente do Senado.
Famoso em sua passagem pelo Senado Federal por revogar o irrevogável, Mercadante foi acusado recentemente de ser o responsável pelo polêmico Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos contra candidatos tucanos e que também ficou conhecido como “escândalo dos aloprados”. Aloizio Mercadante negou as acusações durante depoimento no Senado, mas o assunto caiu no vazio por conta do imbróglio que chacoalhou o Ministério dos Transportes. E deve ser ressuscitado a qualquer momento.
Já a ex-prefeita Marta Suplicy, que tropeça na própria soberba e insiste em enfrentar Lula, está sob investigação do Supremo Tribunal Federal. A mais alta corte da Justiça brasileira recebeu duas investigações do Ministério Público paulista, nas quais a parlamentar petista é acusada de ter cometido irregularidades em licitações.
Passado o primeiro round, Luiz Inácio da Silva se dedicará a esvaziar a tentativa da presidente Dilma Rousseff de permanecer mais quatro anos no Palácio do Planalto depois de 31 de dezembro de 2014. É ver para crer, pois assim nos ensinou São Tomé.