Qualidade do ensino no País continua baixa, mas Dilma anuncia a criação de novas universidades federais

Pirotecnia oficial – Na terça-feira (16), a presidente Dilma Rousseff anunciou, durante evento no Palácio do Planalto, a criação de quatro novas universidades federais, 47 campi e 208 unidades de institutos de educação, ciência e tecnologia no País. As novas universidades são a do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Marabá; a da Região do Cariri (UFRC), em Juazeiro do Norte; a do Oeste da Bahia (Ufoba), em Barreiras; e a do Sul da Bahia (Ufesba), em Itabuna. A previsão é que as quatro instituições contarão com 17 campi (12 novos) e serão inauguradas em 2014, de acordo com o Ministério da Educação.

Investir na educação é a melhor realização de um governante, mas é preciso não apenas despejar dinheiro público no topo da cadeia educacional, mas priorizar o ensino básico, sem o qual não justifica qualquer centavo destinado ao setor.

Nos últimos anos, a proliferação de cursos universitários no País cresceu na mesma proporção que despencou a qualidade do ensino. Prova maior é o baixo índice de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, o que mostrar que a educação virou um negócio lucrativo e que entrega ao cliente algo muito aquém do que foi contratado.

A regionalização do ensino, que tira dos grandes centros as universidades, é uma operação estrategicamente importante, mas torna-se inócua quando os que ascendem aos cursos universitários carregam uma formação educacional dúbia, para não dizer que muitas vezes é vexatória. Tal cenário não é prioridade do ensino público, pois escolas privadas de renome também são responsáveis pelo pauperismo que marca o conhecimento daqueles que no futuro comandarão o País.

Há dias, em reportagem sobre o tema, os jornalistas do ucho.info alertaram para a falta de uma política pública para o setor. Há muito deixando a desejar, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Saúde, decidiu aumentar o número de médicos no País. Algo que deveria ter sido feito com antecedência, pois o universo de médicos não aumentou na mesma proporção que cresceu a população.

Aumentar o número de médicos só é possível com o ingresso de novos alunos nas faculdades de Medicina, curso que em algumas cidades brasileiras chega a custar incríveis R$ 7 mil mensais. De nada adianta essa ação conjunta dos ministérios da Educação e da Saúde se o governo não adotar uma política voltada para o setor. O descaso oficial em relação ao tema explica a alta concentração de profissionais da Medicina nas regiões Sul e Sudeste.

Para comprovar que o Ministério da Educação erra ao não planejar a criação de universidades de acordo com as necessidades de cada região do País, levando-se também em conta a absorção dos profissionais pelo mercado local, na maior cidade brasileira, São Paulo, existe um médico para cada 260 habitantes. Uma média invejável, pois em algumas cidades do País a situação é aviltante e caótica. Mesmo com essa confortável relação médico/habitante, em algumas regiões da capital paulista, em especial na periferia, faltam médicos.

Mesmo que para estocar de forma galhofeira os adversários políticos, o então presidente Luiz Inácio da Silva acertou ao lançar o bordão “nunca antes na história deste país”.