(*) Gilmar Corrêa –
O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, do PT de São Paulo, continua sendo um personagem poderoso na república tupiniquim. Sob o guarda-chuva da crítica à atuação da Imprensa (aí incluídos todos que são vozes contrárias), não faltam artigos e opiniões que desde o último sábado atacaram a reportagem da revista “Veja”.
Aqui não se trata de defender o papel jornalístico que a publicação do Grupo Abril desempenha no contexto nacional, mas de observar que não faltam jornalistas com suas penas virulentas em favor de um Brasil com liberdades distorcidas.
Escondidos no véu da chamada liberdade de imprensa, atacam os contrários propondo conselhos de controle da mídia e, vejam, encontram até maneiras de falar de diplomas de bacharéis em comunicação, como se o canudo fosse um anteparo contra a bandidagem.
José Dirceu é um personagem das sombras e, como tal, deve ser vigiado. E como personagem que trabalha por interesses nem sempre republicanos, não lhe faltam protetores. A reportagem da revista fez um relato de seus contatos e demonstrou que continua operando com desenvoltura, como uma espécie de oráculo com conselhos para apaniguados. Um jogo de leva e trás pernicioso que, naturalmente, interessa a poucos, coisa que este site tem denunciado com frequência.
A imprensa do outro lado do balcão chega a propor que se fechem as torneiras da publicidade oficial, como se o dinheiro do governo pertencesse a um grupo que hoje está no poder. Este site tem sofrido anos a fio pelo patrulhamento ideológico-partidário, prova de que a proposta agora enredada na defesa de Zé Dirceu e contra os “métodos” da revista, há muito vem sendo implementada contra os críticos.
Falar mal dos gestores públicos é assinar um atestado de péssima idoneidade. É ser incluído numa lista negra. Métodos há muito tempo inventados, desde a época colonial, continuam no governo petista, que se pudesse controlaria o fornecimento também de papel, como acontecia na ditadura de Getúlio Vargas com o vergonhoso DIP, o Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo.
A proposta de cortar as verbas oficiais é o primeiro passo para um controle mais efetivo do que pode ou não ser publicado. Lamentavelmente, essas sugestões contam com a simpatia dos governistas que outrora urravam contra o controle dos meios de comunicação. O discurso da liberdade de imprensa, como se percebe, é algo que resiste até a primeira crítica e a uma primeira investigação do jornalismo mais combativo.
A defesa de José Dirceu, pelos que ladram contra a reportagem, ocorre no momento em que a presidente Dilma Rousseff recua da sua ideia inicial de “faxina”. A sua afirmação foi uma retórica midiática, mas pode ter assustado o grupo encastelado no poder.
Evidentemente, se a sua retórica acabasse em prática, determinaria o destino de um sistema encastelado e construído sob a plataforma da corrupção. A força dessa gente calou a presidente da República e sua “faxina” e não passou de mero devaneio de uma noite de inverno.
É preciso ficar atento aos discursos e aos artigos oportunistas que na primeira hora pregam um controle da imprensa. Na ditadura, seja ela de qual tendência for, tem como primeira vítima a liberdade de expressão. A proposta do corte da publicidade oficial e o conselho de imprensa contra as vozes críticas são duas propostas concretas que estão em prática. É preciso cortar o mal antes que ele se estabeleça.