Fora do tom – A eventual aprovação, na Comissão Especial da Câmara, do projeto da reforma política não significa que a proposta terá caminho livre e fácil pela frente. Relator do projeto, o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) tentou minimizar o esvaziamento que marcou o encontro marcado para terça-feira (4), quando seriam discutidas com lideranças nacionais detalhes da proposta, mas essa pode ser a derradeira chance que a sociedade tem à disposição para exigir mudanças. Fontana esperava a presença do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que muito espertamente faltou ao encontro, além dos governadores Sérgio Cabral Filho, do Rio de Janeiro; Eduardo Campos, de Pernambuco; e Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, entre outros.
O projeto em questão atropela o direito político dos cidadãos e atende aos interesses do Partido dos Trabalhadores, que insiste na tese do totalitarismo, e de um grupo de elite (sic) da política nacional. A ausência de autoridades no evento organizado por Fontana representa certo alívio, pois a ideia central da proposta é despejar mais dinheiro público no financiamento de campanhas eleitorais, como se esses profissionais da política não tivessem seus cativos vertedouros de dinheiro.
É importante lembrar que, diferentemente do que se anuncia pelo Brasil afora, política é um negócio milionário e que requer polpudo investimento inicial. E a fórmula aritmética para se chegar a tal conclusão não é tão complexa. Um candidato que se elege deputado federal por um estado do Nordeste, por exemplo, com 100 mil votos precisa desembolsar pelo menos R$ 4 milhões. Tais números foram recentemente confirmados ao ucho.info por um experiente político da região.
Contudo, o mais estranho nessa operação é acreditar que alguém investe R$ 4 milhões em três meses de campanha para, se eleito, receber na melhor das hipóteses, através de salários mensais, 30% do investimento em quatro anos de mandato. Considerando que a política não é a arte do diletantismo, o tropeço do projeto da reforma política foi excepcional para o Brasil, mesmo sabendo que mudanças urgentes e profundas no setor são necessárias.