Tecnologia de ponta – Para mitigar a emissão de gases de efeito estufa, diversos países vêm buscando alternativas como o uso de biocombustíveis, por exemplo. Nesse caso, pesquisas mostram que o etanol da cana pode mitigar cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa quando comparado à gasolina. Nos Estados Unidos e Europa, pesquisas mostraram que o etanol ultrapassa a marca mínima exigida para o desempenho no caso específico de gases de efeito estufa.
Para o Brasil, abrem-se novos mercados e a possibilidade de exportação do biocombustível. O Mercado de Carbono hoje no Brasil e a construção da nova matriz energética é um dos temas do Fórum Produção, Conservação e Lucratividade – A Economia Verde Como Via de Equilíbrio, organizado pelo “Portal Dia de Campo”, no dia 26 de outubro, em Campinas (SP).
Segundo o palestrante Joaquim Seabra, professor da Unicamp e pesquisador em bioenergia com foco em avaliação técnico-econômica-ambiental de novas tecnologias, a pegada de carbono está ligada ao conceito de avaliação do ciclo de vida, ou seja, quais são os potenciais impactos ambientais ligados à produção e uso de produtos e serviços.
“No caso específico da bioenergia, em uma pegada de carbono devemos avaliar qual foi a emissão total na produção levando em conta a cadeia inteira de suprimentos para a produção de um determinado energético”, afirma o professor.
De acordo com ele, quando se fala no consumidor, no caso do Brasil, já existe uma matriz energética, em termos de gases de efeito estufa, com emissão menor que a média mundial. Portanto, somente o consumo de energia elétrica, a princípio, já tem uma pegada menor. No entanto, para ele, optar por recursos como o etanol como combustível é uma maneira de mitigar os gases de efeito estufa.
“No caso do Brasil, existe um consenso de que as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção do etanol da cana são as menores por unidade energética produzida comparadas a qualquer alternativa existentes para biocombustíveis. O etanol de cana pode mitigar cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa associados à gasolina, por exemplo. No entanto, existe uma incerteza relacionada a questões de mudanças do uso da terra”, conta Seabra.
O entrevistado diz que, no contexto regulatório internacional, foi realizada uma análise nos Estados Unidos, pela Agência Ambiental Americana (EPA), sobre a entrada do etanol no contexto do norte-americano para o consumo de energia de bicombustíveis. Ele explica que, para entrar nesse mercado, o etanol de cana teria que reduzir as emissões comparadas à gasolina em 50%.
“Então, eles realizaram essa avaliação e comprovaram que o etanol seria capaz de mitigar em 50% as emissões. Essa é uma excelente notícia e um estímulo para a produção e exportação do etanol para os EUA”, conclui ele.
Já na Europa, Seabra afirma que estudos semelhantes foram feitos e alguns valores padrões foram adotados para o estímulo de recursos renováveis. Nesse caso, o etanol também ultrapassou a marca mínima exigida para o desempenho no caso específico de gases de efeito estufa.
“A expectativa de evolução para o etanol nos próximos 10 anos é muito grande. Temos um avanço tecnológico esperado muito claro e qual o benefício que isso vai trazer. Então, hoje o desempenho já é bom, mas para o futuro, tende a melhorar ainda mais”, garante.