Contagem regressiva – Se a crise econômica internacional que chacoalha a Europa tem uma sequência de alvos, a bola da vez é a Itália. Com chances de ser obrigado a renunciar, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi conseguiu aprovar o orçamento de 2012, mas ao final da votação percebeu que sua maioria de outrora no parlamento italiano já não é mais a mesma. No sistema parlamentarista o premiê precisa ter maioria no parlamento, sob pena de o país ficar à deriva em termos políticos por conta do braço cruzado dos opositores.
Na votação que aconteceu na Câmara dos Deputados, Berlusconi conseguiu apenas 308 votos, número inferior aos 316 necessários para ter a maioria absoluta na Casa legislativa, que conta com 630 lugares. Após a votação, a saída de Silvio Berlusconi ganhou força nos meios políticos italianos, a ponto de o próprio primeiro-ministro ter anunciado que aainda nesta terça-feira se reunirá com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. E nesse encontro Berlusconi pode apresentar sua renúncia.
A crise na Itália, que é muito maior do que a anunciada até então, decorre da obsessão pelo poder que Silvio Berlusconi cultiva. Histriônico conhecido e dado aos escândalos, em especial os sexuais, Berlusconi é um dos maiores empresários italianos, status que deveria lhe conferir mais lucidez ao tratar dos interesses do Estado. Excêntrico e milionário, Silvio Berlusconi é dono de um grupo de comunicação cuja locomotiva é a rede de televisão RAI e do Milan, clube de futebol onde jogam os brasileiros Alexandre Pato, Thiago Silva e Robinho.