Pano quente – Há pouco mais de onze meses enfrentando uma enxurrada de denúncias de irregularidades cometidas por ministros e assessores, a presidente Dilma Vana Rousseff, diante de mais um escândalo, tenta minimizar o fato. E isso se deve porque Fernando Pimentel, acusado de tráfico de influência, ser seu companheiro de longa data e de militância política nos tempos da ditadura militar.
Para evitar que Pimentel aterrisse no Congresso Nacional para dar explicações sobre os R$ 2 milhões que recebeu por consultorias misteriosas, a presidente colocou em sentinela a tropa de choque palaciana que atua nas duas Casas congressuais (Senado Federal e Câmara dos Deputados). E o resultado saiu de acordo com o esperado, pois todas as tentativas de convocação do ministro do Desenvolvimento foram facilmente derrubadas. Até mesmo um convite para Fernando Pimentel falar sobre assuntos relacionados à pasta foi evitado, algo que contraria a tese defendida pela presidente Dilma, para quem todo ministro deve comparecer ao Congresso para esclarecer assuntos de governo.
A insistência dos palacianos para que nenhum convite ao ministro seja aprovado mostra que há muito mais confusão na seara do ex-prefeito de Belo Horizonte do que se imagina. Pimentel inicialmente se dispôs a prestar esclarecimentos, mas agora seu discurso é outro. Disse o ministro que já esclareceu os assuntos relacionados às consultorias prestadas. Acontece que agora surge a informação de que as palestras que Pimentel teria proferido em unidades regionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), ao custo de R$ 1 milhão, jamais aconteceram.
Dilma tem razão quando diz que a vida privada de um ministro não deve ser discutida no Congresso Nacional, mas manter na Esplanada dos Ministérios um colaborador que falta com a verdade compromete a credibilidade do governo, se é que isso de fato existe.