Dois lados – Dias após ter chegado às prateleiras das principais livrarias do País, “Privataria Tucana”, que traz denúncias contra tucanos de fina plumagem, como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, inspirou a base aliada a lançar a ideia de se criar uma CPI para investigar um tema requentado e que já foi explorado aos bolhões. E a missão, que pode não vingar, coube ao deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que insiste no tema.
Se o livro traz algo novo em relação ao processo das privatizações, que seja investigado o quanto antes, pois o Brasil há muito espera para ser passado a limpo. Se for mera cortina de fumaça para esconder os casos de corrupção que se espalham pela Esplanada dos Ministérios e plataforma política com vistas às eleições municipais de 2012, que o assunto seja sepultado imediatamente, pois os brasileiros estão cansados de financiar espetáculos inócuos. Já basta a fortuna consumida anualmente para manter em Brasília parlamentares que agem em benefício próprio.
Enquanto liderava as fileiras da oposição, a esquerda verde-loura sempre mostrou queda por investigações. Queria a todo instante descobrir escândalos, alguns dos quais hoje protagoniza com maestria invejável. Quando uma denúncia alcança o Palácio do Planalto, direta ou indiretamente, o assunto é abafado de todas as formas, pois o projeto de poder não pode ser interrompido.
O deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM) quer que a Câmara crie uma CPI para investigar fraude na Caixa Econômica Federal, que pode chegar a R$ 1 bilhão, com chances de corroer R$ 100 milhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Como o escândalo envolve uma disputa entre o PT e o PMDB, dentro da própria Caixa, são pequenas as chances de prosperar a ideia de se criar uma CPI para esclarecer o caso. Esse jogo duplo mostra que a política, uma ode à incoerência, é o segmento da sociedade onde isonomia simplesmente não existe.