Pegando carona – Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, o agora social-democrata Gilberto Kassab é um oportunista conhecido por operar com destreza nos bastidores da política. Não fosse esse detalhe, Kassab seria mais um ilustre desconhecido que sobe nos palanques eleitorais para fazer promessas impossíveis. De olho nas eleições municipais de 2012, o presidente nacional do PSD quer tirar proveito de seus últimos doze meses à frente da administração paulistana.
Na edição desta segunda-feira (9), o Diário Oficial do Município de São Paulo traz a nova legislação que triplica a multa mínima para calçadas esburacadas, sujas e com obstáculos. De acordo com a prefeitura, a nova lei foi sancionada por Gilberto Kassab em 10 de setembro passado e vale a partir de hoje.
O morador, proprietário ou não do imóvel, que não eliminar os buracos e obstáculos no passeio correspondente à sua casa pagará no mínimo R$ 300. O valor anterior da multa era de R$ 96,33. O aumento, segundo as autoridades, decorre de uma mudança na fórmula do cálculo do valor da multa. A partir de agora, o cálculo da multa não levará em consideração o tamanho da área danificada, mas a extensão total da calçada, em metros lineares. Essa nova modalidade de cálculo penalizará o morador de forma indiscriminada, pois o valor da multa será o mesmo para uma calçada com apenas um buraco e para outra totalmente destruída.
Esse rompante administrativo é mais uma tentativa de Gilberto Kassab para melhorar nas pesquisas de opinião, que apontam uma preocupante desaprovação por parte da população da capital paulista. É preciso saber como o prefeito penalizará as concessionárias de serviços públicos, que muitas vezes abrem nas calçadas pontos permanentes de inspeção, na maioria das vezes cobertos com desniveladas tampas de ferro, o que tem levados milhares de pedestres a acidentes sérios e com direito a fraturas.
Outro assunto que Kassab por certo não enfrentará é a ocupação irregular das calçadas por mesas de bares e restaurantes. Em muitos passeios públicos, o pedestre é obrigado a caminhar pela rua, tamanho é o número de mesas e cadeiras espalhadas pelas calçadas. O prefeito paulistano finge desconhecer o assunto, mas acabar com essa ilegalidade seria um atentado contra o bolso de alguns fiscais municipais que fazem da vista grosa uma fonte de renda.