Profeta do apocalipse – A substituição dos líderes do governo no Senado e na Câmara dos Deputados recebeu da presidente Dilma Rousseff a justificativa de que era necessário promover uma rotatividade em ambos os cargos, mas na verdade o que motivou a troca foi a rejeição por parte dos senadores ao nome de Bernardo Figueiredo, indicado pelo Palácio do Planalto para retornar à direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A mudança não é garantia de que será resolvida a crise que separa o governo e os partidos da chamada base aliada. Com estilo de governo diferente do que Luiz Inácio da Silva empreendeu nos oito anos em que esteve no comando do País, Dilma quer impor suas vontades ao Congresso, quando deveria fazer política, no bom sentido. Sem articulação por parte do governo e a devida contrapartida, pois a política nacional só funciona à base do escambo, a aprovação de matérias de interesse do País está comprometida. Sem contar que este é um ano eleitoral, o que exige dos partidos políticos posicionamento, mesmo que depois tudo volte ao status original.
Deixando de lado as questões futuras, a troca de líderes do governo mostra que o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, o único que deixou o governo longe de acusações de corrupção, estava certo quando disse que as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) nem mesmo conheciam Brasília. Jobim fez referência à conhecida falta de capacidade de Gleisi e Ideli, colocadas pela presidente Dilma em postos que exigem experiência e flexibilidade política.
Quem acompanha o cotidiano da política brasileira sabe que a chefe da Casa Civil era uma estreante quando foi chamada para substituir Antonio Palocci Filho, enquanto a ministra de Relações Institucionais jamais gozou de bom trânsito no Senado Federal. Aliás, Ideli sempre abusou da arrogância e da pressão para alcançar seus objetivos na Câmara Alta.