Não, mas nem tanto – Analisando as últimas decisões tomadas pela presidente Dilma Rousseff é possível concluir que seu desejo é mudar radicalmente a forma de se relacionar com o Congresso Nacional. Quer a presidente que todos os políticos cumpram as determinações do Palácio do Planalto, de forma obediente, enquanto esperam longos meses pelas contrapartidas legais, como é o caso da liberação de verbas vinculadas às emendas individuais ao Orçamento da União. Tais emendas foram transformadas pelo governo em moeda de troca, quando na verdade deveriam ser respeitadas com rigor e responsabilidade.
A crise que se alastra pela base aliada é notória, mas os palacianos preferem insistir na tese de que isso é mera utopia. E os novos líderes do governo no Congresso – Eduardo Braga (Senado) e Arlindo Chinaglia (Câmara) – reforçam essa visão tão esdrúxula quanto míope.
Com a decisão dos senadores do PR, tomada na quarta-feira (14) – de migraram para a oposição, como forma de protestar contra a demora na escolha do novo ministro dos Transportes, fez acender a luz vermelha no Palácio do Planalto. Sob as ordens da própria presidente Dilma, o líder do governo no Senado anunciou que negociações com os senadores do PR somente após o devido retorno à base aliada. Isso mostra que Dilma continua sustentando o discurso de que se a base é a aliada não há o que pleitear.
A presidente sabe muito bem que nos dias atuais, por culpa do antecessor Lula, política é sinônimo de escambo, algo criminoso quando se trata de defesa dos interesses da população, algo que há muito não acontece. O aceno que o Planalto faz ao PR mostra que Dilma quer negociar sob condições, algo que ela mesma condena com veemência. Como essa queda de braços tem tudo para acabar mal, quem pagará a conta mais uma vez será o País, já paralisado pela incompetência dos governantes.
O PR, versão camuflada do outrora Partido Liberal, tomou uma decisão que em termos político jamais seria revista em países minimamente sérios. A política nacional é uma eterna ópera bufa que permite incursões de qualquer natureza. E revogar o irrevogável é algo que caiu no senso comum a partir de um gesto pequeno de Aloizio Mercadante, petista que atualmente ocupa o Ministério da Educação. Se o PR mudar de lado novamente, sua já sepultada credibilidade será merecedora de um réquiem atrasado.
Como disse certa feita o então presidente Luiz Inácio da silva, o messiânico Lula, “nunca antes na história deste país”.