Cortina de fumaça – Em Nova Déli, onde participa da cúpula do grupo de países emergentes batizado de Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e áfrica do Sul), a presidente Dilma Vana Rousseff ordenou à sua assessoria, em Brasília, que divulgasse nota informando que o governo não interferirá na escolha dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o que deve acontecer em 2013. De acordo com os assessores palacianos, a presidente entende que esse é um assunto da competência das duas Casas parlamentares.
A informação não deve ser considerada como uma decisão final e irretocável, pois na verdade o que Dilma deseja no momento é escapar dos respingos da crise que toma conta da chamada base aliada. Capitaneada pelo PMDB, a intifada já proporcionou derrotas importantes ao governo no Congresso, algo que Dilma Rousseff não quer que se repita, apesar de afirmar que triunfos e fracassos fazem parte do processo democrático.
A estratégia do Planalto pode ser compreendida como um cuidado da presidente Dilma de não querer enfrentar, pelo menos por enquanto, o bloco comandado pelos senadores peemedebistas José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), considerado o mais influente do Senado. A presidente disse em entrevista à revista que detesta o “toma lá, dá cá”, mas sua eleição à Presidência só foi possível por conta do escambo vergonhoso costurado por seu antecessor, o ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva.
Quem conhece os bastidores do Palácio do Planalto sabe que Dilma Rousseff não é adepta da diplomacia no trato pessoal e que as recentes derrotas no Congresso colocaram as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) na linha de tiro. O que explica essa dose extra e pontual de cautela em relação ao parlamento.
A notícia sobre a aludida isenção de Dilma no processo sucessório no Senado e na Câmara surge depois que circulou a informação de que o Planalto trabalhava nos bastidores para fazer do ministro Edison Lobão (PMDB-MA) o sucessor de Sarney.