Muita atenção – Atendendo a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, no começo da noite de quinta-feira (29), a abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e a quebra do sigilo bancário do parlamentar. Acusado pela Polícia Federal de envolvimento com o empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Demóstenes enfrenta uma situação que se agrava a cada instante.
Durante as investigações que culminaram com a Operação Monte Carlo, a PF interceptou, com autorização judicial, perto de trezentos telefonemas trocados entre o senador e Cachoeira. Em um deles, Demóstenes pede ao contraventor que pague uma conta sua, no valor de R$ 3 mil, referente a fretamento de aeronave. Em outro, Cachoeira conversa com um sócio e faz a contabilidade de valores supostamente pagos a Demóstenes: R$ 3,1 milhões.
Como todo e qualquer acusado, Demóstenes Torres tem a seu favor a presunção da inocência, mesmo que a essa altura dos acontecimentos isso pouco adianta, uma vez que o parlamentar, segundo suas próprias palavras, está “morto politicamente”. Mesmo que consiga provar sua inocência, Demóstenes precisará de muito tempo para eventualmente recuperar a credibilidade perdida nesse episódio.
Como citamos em matéria publicada anteriormente, a democracia depende da verdade para continuar existindo em sua plenitude. O inquérito autorizado pelo STF permitirá que os fatos sejam esclarecidos e a sociedade saiba o que liga Demóstenes Torres a Carlinhos Cachoeira. Novas gravações dão conta que o senador tinha como missão, delegada por Cachoeira, interferir nos rumos de investigações policiais e em decisões judiciais. Verdade ou não, a acusação é de extrema gravidade.
O futuro de Demóstenes Torres é incerto, a começar pelo seara política, mas o escândalo que tomou o noticiário nacional nos últimos dias não pode, em hipótese alguma, servir como cortina de fumaça para o julgamento do caso do “Mensalão do PT”, o maior escândalo de corrupção da história política do País. No referido processo estão, na condição de réus, os que trocaram a genuflexão parlamentar por de polpudas e seguidas mesadas, não sem antes terem disseminado no País a falsa sensação de impunidade, algo que cresceu sobremaneira depois da chegada de Lula ao Palácio do Planalto.