Se cumprir a promessa de evitar blindagens, relator da CPI do Cachoeira deve implodir o governo

Rastilho de pólvora – Como informou o ucho.info na matéria anterior, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), indicado para a relatoria da CPMI do Cachoeira, disse que no cargo não blindará o governo da companheira Dilma Rousseff durante as investigações. Em hipótese alguma a promessa em questão deve ser levada a sério, pois, mesmo que o parlamentar negue, sua indicação teve a interferência do Palácio do Planalto. O relator afirmou que usará os dados da Operação Monte Carlo como base dos trabalhos Comissão. Em outras palavras, por enquanto não há qualquer sinalização de que o PT e o governo federal serão incomodados.

No caso de cumprir a promessa, Odair Cunha seria uma espécie de homem-bomba à porta do Palácio do Planalto. A primeira faísca atende pelo nome de Olavo Noleto, que durante a era de José Dirceu aterrissou na Casa Civil e agora está no guarda-chuva laboral da ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, pasta que tem deixado a bancada petista desorientada em relação à CPI.

Como já noticiado, Noleto, subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), é acusado de conexões com Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e “número dois” do esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

A segunda centelha ficaria por conta de José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado no vácuo do escândalo do Mensalão do PT. Dirceu, segundo consta, foi contratada por Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, como consultor de negócios, mas acabou atuando como operador da empreiteira que mais cresceu sob a égide de Lula.

A ligação entre José Dirceu e Fernando Cavendish foi confirmada pelos empresários José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, antigos proprietários da Sigma Engenharia, que acabou incorporada pela Delta. Quintella e Machado acusam o ex-comissário palaciano e chefão do PT de fazer tráfico de influência em favor da Delta. De acordo com os dois empresários, Dirceu foi contratado por Cavendish para facilitar negócios com o governo federal. O negócio entre o trio – Cavendish, Quintella e Machado – deu errado e acabou na Justiça.

Para não levantar suspeitas, a Delta contratou José Dirceu como consultor para negócios no Mercosul. Receberia modestos R$ 20 mil mensais pelo trabalho. Segundo relataram os antigos donos da Sigma, a empresa de engenharia passou a ser usada por Cavendish para fazer transferências bancárias a Dirceu.

O terceiro item detonador é uma gravação, que integra a temida videoteca da de Cachoeira, na qual um destacado petista, que teria participado do núcleo duro da campanha de Dilma Rousseff, aparece recebendo R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. A tal gravação estaria sendo mantida em segurança e seria uma espécie de trunfo do contraventor preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro.