Bang-bang tupiniquim – Ninguém deve esperar resultados reveladores na CPI do Cachoeira, pois Lula e sua trupe já definiram os limites e os alvos das investigações. Prova disso é a afirmação do relator da Comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), que anunciou que as investigações terão como base o inquérito da Operação Monte Carlo, desde que o Supremo Tribunal Federal libere a documentação que está sob segredo de Justiça.
Essa estratégia atende aos interesses de muitos petistas envolvidos no esquema criminoso comandado por Carlinhos Cachoeira. A inquietude do PT está na possibilidade de a CPI acabar atingindo figuras estreladas do partido, o que colocaria o projeto de poder em perigo. Um dos que podem ser alvejados é o ex-ministro José Dirceu, contratado como consultor pela Delta Construções. Porém, essa possibilidade perdeu força com a chegada de Odair Cunha, político intimamente ligado ao ex-ministro e deputado cassado.
Enquanto José Dirceu respira com menos sofreguidão, a presidente Dilma Rousseff tem perdido o sono. Tudo porque o ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, ejetado do cargo no vácuo de um escândalo de corrupção, foi caixa da campanha de Dilma e já disse que está disposto a revelar o que sabe. Os palacianos, temendo o pior, recorreram ao líder do Partido da República no Senado, Blairo Maggi, a quem Pagot é ligado, mas pouco adiantou. Maggi alegou que o agora descontrolado Pagot já não faz parte do PR.
A sordidez que impera nos bastidores dessa CPI é tamanha, que prever o amanhã é mero exercício de achismo. Certo mesmo é que o ritmo das investigações será de fazer inveja à máfia italiana. Com direito a troca de comandos na estrutura criminosa e, por que não, até mortes repentinas e inesperadas. Anotem, pois o escândalo é muito maior do que parece. Por muito menos o jornalista maranhense Décio Sá foi riscado do mapa.