Nível de emprego da indústria de transformação em São Paulo tem o pior abril desde 2006

Quase parando – O nível de emprego na indústria de transformação paulista registrou queda de 1,14% no mês de abril, em comparação com março, descontando os efeitos sazonais. No entanto, no mês passado foram criadas 14 mil vagas, a maioria concentrada no setor sucroalcooleiro. Os números, divulgados nesta terça-feira (15) pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), apontam para o quarto mês consecutivo de queda.

“Esse período ruim se compara ao de 2009, ano da crise. A diferença é que agora a demanda está aquecida, porém, atendida pelos produtos importados e não pela produção nacional”, afirmou o diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Walter Sacca.

A taxa negativa em 1,14% configurou o pior abril da série iniciada em 2006. Do total de vagas criadas no mês, 13.952 correspondem ao setor de açúcar e álcool, o equivalente a um ganho de 0,55%. Já a indústria de transformação foi responsável pela criação de apenas 48 postos de trabalho no quarto mês do ano, com variação estável a 0%.

Até abril de 2012, a indústria gerou 18 mil postos de trabalho, com uma variação positiva de 0,69% para o período – a menor da série histórica desde 2006 com exceção de 2009, quando a variação ficou negativa em 1,30% para o mesmo período.

Tempo

Walter Sacca reconheceu que as medidas tomadas recentemente pelo governo, em relação ao câmbio, taxas de juro e incentivo ao consumo com redução do IPI para linha branca e móveis, são positivas para a indústria. Contudo, o diretor da Fiesp alerta que “essas mudanças devem levar, no mínimo, seis meses para refletirem de maneira positiva na economia, e seus efeitos deverão ser sentidos apenas em 2013”.

A Fiesp e o Ciesp mantiveram a previsão de crescimento de 2,6% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 e taxa de 0% para a indústria de transformação este ano, tarefa considerada praticamente impossível pelo diretor.

“Para a indústria atingir o patamar de crescimento zero este ano, temos de subir 0,6% todos os meses até dezembro”, disse Sacca. Ele acredita em novas reduções da Selic, taxa básica de juros. “Se fosse para deixar o juro como está, não seria necessário correr para mudar o rendimento da poupança. Talvez os juros cheguem a 8% este ano.”

Setores e regiões

Das atividades analisadas no levantamento, 10 apresentaram efeitos positivos, nove computaram variação negativa e duas ficaram estáveis. O setor de Metalurgia registrou a maior queda, com 1,9% em abril, seguido por Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos, com recuo de 1,2%.

O segmento de Fabricação de Coque, Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis apurou ganho de 8,3% no mês, enquanto o índice de emprego na indústria de Produtos Alimentícios subiu 3,5%.

A pesquisa mostra ainda que das 36 regiões analisadas, 20 apresentaram quadro positivo, 13 variação negativa, enquanto três regiões fecharam o mês estáveis.

Taubaté foi a cidade que registrou a maior queda, com taxa de 1,09% em abril, pressionada por Metalurgia (-4,72%) e Produtos Químicos (-1,45%). A região de São Bernardo do Campo anotou queda de 0,65%, sob influência negativa dos setores de Impressão e Reprodução de Gravações (-5,22%) e Produtos de Borracha e Plástico (-0,69%).

A cidade de Sertãozinho computou a alta mais expressiva do mês, com variação positiva de 4,79%, impulsionada pelos ganhos em Coque, Petróleo e Biocombustíveis (25,80%) e Produtos Alimentícios (8,08%).

O emprego na indústria de Araçatuba fechou o mês com alta de 3,74%, estimulada pelo bom desempenho dos setores de Produtos Alimentícios (9,81%) e Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos, (8,57%).