Face lenhosa – No sucinto memorial entregue por seus advogados aos ministros do Supremo Tribunal Federal, o petista Delúbio Soares afirmou ter agido sozinho e assumiu a responsabilidade pela distribuição de dinheiro de origem duvidosa a políticos e partidos da chamada base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, o ex-tesoureiro do PT negou que os pagamentos tivessem qualquer relação com o “falacioso mensalão”. No documento, Delúbio alegou serem improcedentes as acusações de corrupção ativa e formação de quadrilha.
O conteúdo do documento entregue pelos advogados do petista não é novidade, pois não passa de uma armação arquitetada por José Dirceu, José Genoíno e pelo próprio Delúbio. Ou seja, cumpriu-se o combinado. Ora, afirmar que o escândalo do mensalão é falacioso é querer abusar da inteligência dos brasileiros. Essa estratégia mentirosa e arrojada se desmonta diante do pedido de desculpas feito pelo então presidente Luiz Inácio da Silva por causa do maior escândalo de corrupção da história política nacional. Outro fato que derruba a armação petista é o acordo feito por Silvio Pereira, o Silvinho “Land Rover”, então secretário-geral do PT, que trocou uma eventual condenação pelo STF por prestação de serviços comunitários.
De igual modo, seguindo a trilha da mitomania que marca o referido memorial, Delúbio nega que a distribuição de recursos ilegais tivesse qualquer vínculo com o inusitado apoio conquistado por Lula no Congresso nacional, em especial na Câmara dos Deputados. Ao fazer tal afirmação, Delúbio Soares dedica doses cavalares de insanidade aos parlamentares que apoiaram o ex-metalúrgico, pois os resultados do governo petista começaram a aparecer recentemente. E não é esforço algum lembrar que são catastróficos.
Negar é um direito de qualquer acusado, mas contra fatos não argumentos. Que esses senhores, que agora posam como repentinos paladinos da moralidade, mentem todos sabem. O mais estranho nessa epopeia é que nove em cada dez acusados de envolvimento no Mensalão do PT contrataram os melhores advogado do País. Delúbio, que foi escolhido pelos companheiros como “boi de piranha”, é defendido pelos criminalistas Arnaldo Malheiros e Celso Sanchez Vilardi, cujos honorários sempre flanam na casa dos seis dígitos. Resumindo, além de operar a mágica que transforma mentira em verdade, Delúbio descobriu o segredo do milagre da multiplicação. Em um país minimamente sério, a maioria dos acusados estaria presa há anos.