Refém de promessas inócuas, governo está próximo de perder o controle de uma economia em crise

Conta que não fecha – A cada dia fica mais evidente que a economia brasileira encontra-se em sinuca e o arsenal de medidas do governo para reverter a situação está perto do fim. Porta-voz da presidente Dilma Rousseff para assuntos econômicos, o ministro Guido Mantega (Fazenda) continua acreditando ser possível ludibriar a opinião pública com discursos encomendados e nada verdadeiros.

De acordo com pesquisas realizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) em sete capitais, o índice de desemprego em junho foi de 10,7% da população economicamente ativa, contra 10,6% registrados em maio. Ou seja, o desemprego ficou praticamente estável, o que levou o governo a respirar com certo alívio.

Esse número exemplifica com clareza a velha teoria popular do copo meio cheio e meio vazio. Em outras palavras, o que para alguns representa uma conquista, para outros é uma tragédia. Em relação ao índice de desemprego, a pesquisa mostra que não houve geração de empregos nos últimos meses, como já noticiado pelo ucho.info. Ademais, tais levantamentos não consideram como desempregados os cidadãos que estão na informalidade. A geração de novos postos de trabalho, a partir de agora, dependerá de mudanças estruturais que o governo se recusa a fazer. Fora isso, o Brasil passa por um lento e contínuo processo de desindustrialização, movimento que deu os primeiros sinais mais evidentes em 2005, mas o Palácio do Planalto preferiu classificar como “torcida contra” os alertas deste noticioso.

Com a maioria da massa trabalhadora do País recebendo menos de dois salários mínimos por mês, torna-se impossível acreditar que o consumo interno crescerá a ponto de neutralizar os efeitos da crise econômica internacional, que na opinião do ministro Mantega, emitida meses atrás, passaria ao largo do Brasil. Profecia que se transformou em uma enorme inverdade.

Para que os brasileiros avaliem o que surgirá pela frente, um estudo da Fiesp mostra que a produtividade industrial brasileira caiu 0,8%, entre junho de 2011 e maio deste ano, enquanto os salários do setor registraram alta de 3,4% no período. Isso significa que os segmentos da economia mais afetados pela crise devem intensificar as demissões. O que reforça a tese defendida por este site de que não há como o consumo interno crescer.

O cenário torna-se mais temeroso quando o governo ignora o óbvio. Há dias, o Fundo Monetário Internacional alertou para o perigo da estratégia do governo do PT de apostar todas as fichas no consumo interno. Para o FMI, modelo de crescimento por estímulo à demanda doméstica não coaduna com o momento da economia. Confirmando o estudo da Fiesp, o Fundo Monetário Internacional destacou a situação paradoxal que vive a economia brasileira: os salários sobem acima da inflação, a demanda interna anda de lado e a produção industrial recua. O aumento dos salários, que deveria impulsionar o consumo, é neutralizado pelo alto grau de endividamento das famílias.

O primeiro sinal mais evidente da crise foi sentido pelo governo na arrecadação tributária. Em junho passado, a arrecadação da Receita Federal alcançou a marca de R$ 81,107 bilhões, resultado que representa uma queda real (com correção pelo IPCA) de 6,55% em relação ao mesmo mês de 2011. Em relação a maio deste ano, a arrecadação de junho apresentou crescimento de 3,94%. Diante desse recuo na arrecadação de impostos, o governo preferiu culpar a queda da produção industrial, que em junho recuou 4,26%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Enquanto Lula se apequena diante da peçonha do seu legado, a presidente Dilma Rousseff continua sem saber o que falar aos brasileiros e ao mundo, pois até outro dia o governo do PT era a única tábua de salvação do planeta.

A situação deve tornar-se ainda pior, uma vez que a crise global tem levado diversas economias a perderem o ritmo. Prova disso está no anúncio feito pela mineradora Vale, cujo lucro líquido no segundo trimestre do ano atingiu US$ 2,662 bilhões, queda de 58,7% em relação a mesmo período de 2011. A Vale vem sofrendo nos últimos meses com a redução do preço do minério de ferro no mercado internacional. Qualquer economista sem lampejos de genialidade sabe que o desaquecimento do mercado de minério de ferro significa problemas mais adiante.