Contra a parede – Líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PR) disse nesta quarta-feira (1) que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, deveria questionar a suspeição e o impedimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antônio Dias Toffoli, um dos onze integrantes da Corte, de participar do julgamento do Mensalão do PT, que começa na quinta-feira (2). Como titular da ação penal, a PGR tem poderes para arguir o afastamento do ministro do caso.
Rubens Bueno menciona o fato de Dias Toffoli ter relações de amizade e profissionais com alguns dos réus do maior caso de corrupção da história política do País. O parlamentar lembra que o ministro já foi, inclusive, subordinado ao ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, apontado pelo Ministério Público Federal como o chefe do mensalão.
“É evidente a suspeição do ministro Dias Toffoli para participar deste julgamento. Não bastassem suas relações profissionais com muitos dos acusados – inclusive como assessor do réu José Dirceu – há também uma questão de ordem pessoal, visto que sua atual companheira, Roberta Rangel, já atuou na defesa de outros réus na mesma Ação Penal”, argumentou o líder do PPS.
A advogada Roberta Rangel teria atuado na defesa dos ex-deputados petistas Paulo Rocha e Professor Luizinho, que também serão julgados pelo STF no caso do Mensalão PT, juntamente com outras 36 pessoas.
Eco partidário
O deputado federal Almeida Lima (PPS-SE) classificou como grave a participação do ministro Dias Toffoli no julgamento dos réus do mensalão pelo STF. Para o ex-integrante da CPI do Mensalão, Toffoli, por sua proximidade com o partido apontado de comandar o esquema de pagamento de propina a parlamentares da base aliada do governo Lula, já deveria ter-se declarado impedido.
“A participação do ministro nesse julgamento é suspeita. Além de ter sido advogado do PT, Toffoli, na época, era muito próximo ao ex-ministro José Dirceu e participou da elaboração da defesa. Causa-me estranheza que ele até agora não tenha se declarado impedido”, criticou Almeida Lima, lembrando que o atual ministro também foi assessor de Dirceu na Casa Civil.
Carreira no PT
Ainda como justificativa para pedir o impedimento do ministro Dias Toffoli neste julgamento, Rubens Bueno também cita a carreira profissional do ministro Dias Toffoli, construída “sobre a máquina do PT”.
Antes de ser nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Toffoli foi consultor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), assessor do PT na Câmara dos Deputados, assessor jurídico da Casa Civil na gestão de Dirceu e Advogado Geral da União.