Sem solução – Há situações no Brasil que são simplesmente inacreditáveis. E tornam-se ainda mais indignas quando a chamada grande imprensa dá espaço demais ao que não deve. Que o Brasil é o país da piada pronta, como afirma o jornalista José Simão, todos sabem, mas o oportunismo burro e chicaneiro que domina a classe política é tão grande quanto à incompetência de setores da imprensa.
De forma proposital aguardamos uma semana para saber qual seria a reação da imprensa e da sociedade diante da declaração do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), ex-BBB, autor do projeto que legaliza a profissão de prostituta. Wyllys alega em seu projeto de lei que grandes eventos estão na agenda do Brasil, como a Copa e os Jogos Olímpicos, e os turistas que aqui virão precisam ter a certeza da prática do sexo seguro.
A prostituição é a mais antiga das profissões, tendo já merecido espaço no site do Ministério do Trabalho, que publicou uma cartilha que ensinava às chamadas mulheres de vida fácil – na verdade de fácil nada tem – como agir no momento de conquistar o cliente, como se portar, quais roupas e maquiagens usar e por aí em diante.
O Brasil tem milhares de outras prioridades, que não a legalização da profissão de prostituta, classe que trabalha sem qualquer problema de Norte a Sul do País. NA tentativa de ver o seu projeto aprovado, tão logo o Congresso retome as atividade, Jean Wyllys afirmou que 60% dos parlamentares homens, em Brasília, contratam prostitutas. E a classe política se revoltou.
Se o Brasil tem inúmeras carências que mereceriam um projeto de lei, não se pode apelar à hipocrisia e fingir que esse tipo de atividade não ocorre na capital dos brasileiros. Para se ter ideia da desenvoltura dessas mocas que dormem à tarde, muitas delas foram contratadas para atuar como trem-pagador do Mensalão do PT. Levavam aos mensaleiros envelopes ou malas de dinheiro, e aos criminosos ainda serviam sexualmente.
Mas isso não é tudo. Quem conhece a fundo o Congresso Nacional sabe que por lá existem algumas cafetinas de plantão, com direito, inclusive, a locais fixos. Engana-se quem pensa que essas agenciadoras de lupanar apenas atendem aos desejos dos frequentadores do parlamento. O acinte é tamanho, que muitas vezes as prostitutas, sem ter o que fazer, acabam sendo contratadas para conseguir assinaturas em projetos de lei e requerimentos de CPI. Como são “íntimas” de muitos parlamentares, não há quem negue apor sua assinatura em um documento oficial. E essas dadivosas moças, que por algumas horas trocam as próprias curvas por uma caneta esferográfica, recebem R$ 5 por assinatura, em média.
O grande problema da grande imprensa é limitar-se a noticiar um fato ou um depoimento desconexo, sem se preocupar em comentar o tema ou revelar a verdade aos brasileiros. O Brasil bambeia naquela velha teoria, que durante anos usamos como frase lapidar do site: “se cobrir vira circo, se cercar vira hospício”. E corra porque o palhaço é quem traz a camisa de força.