Incêndio em Santa Maria e acidente em Congonhas: tragédias unidas pela covardia dos bastidores

Elo macabro – Quando o ucho.info afirma que nos bastidores da tragédia de Santa Maria há uma guerra política burra e imunda, cujo objetivo a salvar a pele de alguns e arremessar outros no olho do furacão, pessoas se indignam com a notícia, como se fosse uma utopia jornalística. Quem não quer enxergar o óbvio é porque deseja ser enganado e estar alienado da dura realidade brasileira. Discordar é uma das magistrais prerrogativas da democracia, mas acusações levianas mostram o caráter e a ignorância de quem acusa.

No caso da boate Kiss, a prefeitura local concedeu o alvará de funcionamento com base em laudo do Corpo de Bombeiros, que é subordinado ao governo estadual, que atualmente tem no comando o petista Tarso Genro. Querer empurrar a responsabilidade pela tragédia, de alguma forma, para o prefeito Cezar Schirmer é jogo sujo. Mas é assim que a política funciona, em especial quando petistas estão no timão das operações. Não se trata de implicância com esse ou aquele partido, mas uma constatação da realidade.

Tarso Genro sabe que de alguma forma o governo gaúcho será responsabilizado na Justiça, mesmo que isso só aconteça em instâncias superiores. O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul afirmou em entrevista que o pedido de vistoria solicitado pelos proprietários da casa noturna estava em uma fila de espera. Resumindo, a inoperância colocará o Estado como co-réu.

Políticos querendo escapar da responsabilidade é uma prática comum no Brasil, assim como em muitas partes do planeta. Para que isso fique claro, tomamos como exemplo o acidente com o Airbus da TAM, em 17 de julho de 2007, ocasião em que 199 pessoas morreram no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento sobre aviação, sabe que uma aeronave, quanto maior e mais pesada, precisa de espaço para pousar. Ou seja, em pistas longas pousam grandes e pesadas aeronaves. Pois bem, a pista do aeroporto de Congonhas, que passava por reformas e não estava completamente pronta, foi tecnicamente encurtada por causa de um prédio construído ilegalmente em uma das cabeceiras.

Para que a extensão da pista possa ser utilizada em sua totalidade, seja em condições normais ou de emergência, durante a aproximação da aeronave nada pode existir no meio do caminho que atrapalhe esse procedimento. Caso contrário, a pista encurtará tecnicamente, pois pousar não arremessar uma aeronave no solo.

No caminho do Airbus da TAM, assim como de tantas outras aeronaves, tinha um prédio onde funcionava, sem alvará, uma casa de prostituição de luxo, o “Bahamas”. Como a construção era ilegal, a prefeitura de São Paulo se apressou e arrumou uma forma de escapar da culpa. Para complicar o cenário, a reforma da pista, que é de responsabilidade da Infraero, colaborou sobremaneira para o acidente.

Considerando que a Infraero é um órgão federal e os temas da aviação civil são decididos também no Palácio do Planalto, Lula também tratou de escapar da culpa. E nos bastidores o jogo foi sujo e covarde para que o Planalto ficasse de fora das investigações. E fazemos tal afirmação com plena convicção, sem medo de errar, pois na imprensa brasileira poucos são os profissionais que conhecem a fundo os bastidores do maior acidente aéreo da aviação brasileira como o editor do ucho.info.

Legalmente o hotel não poderia ter sido construído naquele local por causa da interferência do barulho das aeronaves, mas a verdade é que atrapalha o procedimento de aproximação e tecnicamente encurta a pista e aumenta o risco de acidente. Em dia de chuva, qualquer pouso de um Airbus ou Boeing 737, por exemplo, a aeronave escorrega mais ou menos. Quanto menor for a pista, mesmo que tecnicamente, maiores são as dificuldades para frear a aeronave.

Um trágico acidente sem culpados não existe. Era preciso, então, arrumar um culpado. A primeira solução, covarde, foi despejar sobre o piloto e o co-piloto do Airbus a culpa pelo acidente. Afinal, eles estavam mortos e não reclamariam. Como isso foi insuficiente para convencer a opinião pública e as autoridades envolvidas na investigação, a culpa precisava ser personificada. Foi quando entrou em cena a então diretora jurídica da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, que foi incluída no rolo dos culpados de forma também covarde.

A alegação apresentada é que Denise Abreu havia liberado a pista do aeroporto de Congonhas, cujas ranhuras no solo que garantem o atrito com os pneus das aeronaves não estavam concluídas. E com a chuva a pista de Congonhas, tecnicamente mais curta, ficou como um piso ensaboado. É inimaginável, até mesmo no reino dos absurdos, que a diretora jurídica de uma agência reguladora, como é a Anac, tenha competência e poder para liberar uma pista, responsabilidade que cabe à Infraero. Denise Abreu é inocente, mas os covardes lhe impingiram a fantasia da culpa.

A tropa de choque montada para tirar o governo federal da culpa pelo trágico acidente atuou sem limites e intimidou muita gente. E mesmo que menos numerosa, continua agindo até hoje. No processo judicial do caso, há absurdos inimagináveis que desrespeitam o ordenamento jurídico e processual. E no caso de Santa Maria não será diferente. Basta repetir o que fizeram as autoridades envolvidas no período pós-tragédia em Congonhas, que começou segundos depois do acidente. Esperar a comoção social passar e agir com sordidez nos bastidores. Aguardem!

Não custa reforçar que o ucho.info não faz jornalismo de encomenda, não é balcão de negócios, não defende culpado ou corrupto por dinheiro algum. Apenas cumprimos o papel que nos cabe, de revelar os fatos como eles realmente são, unindo-os quando necessário e levando o leitor à reflexão sobre a realidade de um país que caminha na direção da ilógica e do desmando, apenas porque está em marcha um projeto totalitarista de poder.