Tempo de farra – Guido Mantega, ainda ministro da Fazenda, está menos preocupado coma inflação do que Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. Mantega, que desde o início da crise não conseguiu adotar uma medida eficaz, cumpre a ordem do Palácio do Planalto de manter sangue frio diante da inflação, cada vez mais fora de controle. Se considerada a inflação real, não a oficial, Guido Mantega já teria arrancado os poucos fios de cabelo que lhe restam.
A situação da economia brasileira está sendo tratada pelos palacianos com desdém, como se fosse a tal “marolinha” galhofeiramente sugerida por Lula em 2008. A realidade é mais grave do que parece, mas mesmo assim o governo insiste em camuflar a verdade.
Como os números não mentem, a saída é reconhecer que a bolha de virtuosismo vendida por Lula aos brasileiros e ao mundo começa a estourar e a produzir estragos. A produção industrial cai, mas a inflação sobe. Consumo em alta, inadimplência ainda mais acima. Endividamento nas alturas, salários não condizentes. Isso já seria suficiente para Guido Mantega pedir demissão ou ser demitido, mas nada acontece.
A situação fica ainda pior quando surge a informação de que o emprego na indústria teve queda de 1,4% em 2012. O cenário foi agravado porque a folha de pagamento do setor industrial teve alta de 4,3%. Para fechar a conta, os empresários só têm uma saída. Aumentar os preços dos produtos, decisão que pode aumentar a inflação ou esfriar o consumo, por que não, os dois fatos juntos e de uma só vez.
Em relação à política cambial o governo da presidente Dilma Rousseff está completamente perdido. Pelo comportamento do mercado financeiro na quinta-feira (7), os palacianos, pelo menos por enquanto, usarão a valorização do real frente â moeda norte-americana como rédea para recuperar o controle da inflação. Com isso, a queda na cotação do dólar, a indústria brasileira sofrerá internamente com a concorrência dos produtos estrangeiros e verá as exportações caírem ainda mais. Diante desse cenário, os empresários frearam qualquer investimento que pudesse movimentar a economia e ajudasse, eventualmente, a reverter a crise.
Todos os números levam a uma análise macabra, mas Guido Mantega continua afirmando que a retomada do crescimento em 2013 será gradual. No começo do ano passado, o discurso foi idêntico, mas a inflação oficial fechou em 5,8% e o PIB cresceu 0,98%.
Dilma e Mantega poderiam aproveitar o período momesco para tirar a máscara e contar aos brasileiros o segredo da fantasia, pois no campo da realidade a situação econômica está na passarela do incompreensível, para não afirmar que é o samba do crioulo doido.