Bufões oficiais – O Palácio do Planalto não precisou de muito tempo para mostrar à opinião pública que a desoneração da cesta básica começa a surtir efeito, o que se pode chamar de precipitação de um governo marcado pela incompetência. Os efeitos da medida anunciada com pirotecnia pela presidente Dilma Rousseff serão conhecidos ao longo das próximas semanas, mas o governo aposta em redução de 0,6 ponto percentual na projeção de inflação para 2013. Ao mesmo, o mercado financeiro prevê redução de no máximo 0,3 ponto porcentual.
Independentemente de qual seja a redução, a inflação real é muito maior do que a anunciada pelo governo e o setor de alimentos não é um amontoado de inocentes. Os preços dos produtos subiram assustadoramente nos últimos meses, embalados pela preocupação dos empresários de que alguma medida seria tomada pelo governo nesse sentido, depois que a presidente Dilma Rousseff decidiu rejeitar projeto semelhante da oposição e criou comissão palaciana para cuidar do assunto.
Enquanto o governo analisava o tema e decidia o que fazer, os produtos foram vendidos com preços promocionais, sendo que a desoneração da cesta básica incidirá sobre o preço cheio de cada item. Em outras palavras, é grande a chance de o prejuízo do consumidor ser muito maior.
Ademais, a presidente não pode incensar uma medida duvidosa e tópica apenas porque está em campanha antecipada pela reeleição. A tarifa de energia elétrica também foi alvo da mesma manobra, sofrendo aumento antes de ser reduzida. Na sequência surgiu o aumento dos combustíveis, com duas majorações para o óleo diesel. Adicionado à gasolina em percentuais que oscilam de acordo com a necessidade do governo, o etanol acompanhou a alta de preços.
Faz–se necessário lembrar que a redução da tarifa de energia elétrica custará aos contribuintes R$ 8,5 bilhões por ano, dinheiro que será utilizado na indenização das empresas geradoras. No âmbito da cesta básica, o governo deixará de arrecadar R$ 7,3 bilhões ao ano. Com isso quem perde é o cidadão que, além de ser enganado por índices inflacionários inverídicos, ficará ainda mais sem a contrapartida de um Estado que é governado por incompetentes que flanam nos ares da soberba.