Dando o troco – Como jogador de futebol, Romário de Souza Faria foi excepcional. Como deputado federal, até agora o ex-centroavante não cometeu nenhum desatino. Adversário figadal da cúpula da Confederação Brasileira de Futebol, desde os tempos de Ricardo Teixeira, o parlamentar pelo PSB do Rio de Janeiro volta a sua metralhadora na direção de José Maria Marin, atual presidente da entidade, que substituiu Teixeira no comando do futebol verde-louro.
Longe de ser unanimidade, Marin coleciona adversários nos mais diversos flancos, mas sua chegada ao comando da CBF aconteceu dentro das regras da instituição. Na alça de mira de Romário, o presidente da CBF é acusado de envolvimento com a ditadura militar.
Deputado federal durante a plúmbea era brasileira, José Maria Marin, durante discurso proferido na Câmara em 9 de outubro de 1975, pediu que providências fossem tomadas contra a TV Cultura, em nome da “tranquilidade dos lares paulistanos”.
No dia 24 de outubro, o então diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, o Vlado, foi convocado para depor no DOI-CODI, aparecendo morto em sua cela no dia seguinte. Na ocasião passaram à opinião pública a informação que o jornalista havia se suicidado, mas tudo não passou de uma farsa para camuflar o seu assassinato nos porões da ditadura.
José Maria Marin é a pessoa errada no lugar duvidoso, mas há anos ele integra a cúpula da CBF com o mesmo currículo. Ou seja, todos sabiam dos fatos que marcaram a carreira política de Marin. O ucho.info não está a contestar o posicionamento do deputado Romário, que é justo e necessário, mas é preciso que o tratamento seja isonômico. Até porque, no Congresso Nacional há alguns parlamentares que não apenas colaboraram com os militares, como receberam proteção e apoio político dos protagonistas do mais negro período da história nacional.
Por outro lado, Romário deveria exigir o mesmo tratamento aos terroristas que à época se posicionaram contra a ditadura e cometeram crimes bárbaros à sombra da desculpa de que era preciso evitar uma ditadura de esquerda, algo que nos dias atuais avança a passos largos no Brasil.
Que Marin seja ejetado da cadeira de presidente da CBF, mas que todos os que se encontram na mesma seara recebam o que lhes é devido. O que não se pode é fazer demagogia com base no revanchismo. Até porque, o mesmo crime não é menor se for cometido por um representante da esquerda ou da direita. É crime!