Solução das profundezas – Cientistas da Universidade de Guelph, no Canadá, descobriram que é possível criar um tecido a partir de uma substância liberada pelo peixe-bruxa, que vive em regiões abissais. O muco liberado pelo animal pode ser transformado em roupas esportivas e até mesmo em coletes à prova de balas.
A alternativa é ideal para substituir tecidos sintéticos, como o náilon e a lycra, que são produzidos a partir do petróleo. Se o muco do peixe-bruxa for utilizado na confecção destes tecidos, o petróleo, que é uma fonte não-renovável, poderá ter o uso mais restrito, diminuindo boa parte das emissões de carbono da indústria têxtil.
A curiosa espécie que produz a matéria-prima para o novo tecido ecológico não possui mandíbulas, nem espinha dorsal e vive no fundo do mar há mais de 500 milhões de anos. Também chamado de myxini (do grego, “myxa”, muco), o peixe-bruxa produz uma fibra elástica extremamente forte para se proteger, asfixiando seus predadores. Porém, depois que a substância seca, ganha uma textura sedosa, que pode ser utilizada para a confecção de tecidos.
O método desenvolvido pelos pesquisadores canadenses deve encontrar algumas dificuldades, principalmente no processo de produção. “Por enquanto, não poderíamos ter fazendas para produzir peixes-bruxa da mesma forma como fazemos com vacas, frangos ou outros animais domesticados”, diz Douglas Fudge, coordenador do projeto. “Sabemos pouco sobre a reprodução da espécie, e, até agora, ninguém conseguiu gerar um peixe-bruxa em cativeiro”, completa o cientista.
Para Tim Winegard, cientista engajado no projeto, o peixe-bruxa também não leva muita vantagem no aspecto mercadológico, já que o tecido é produzido a partir de uma substância gosmenta liberada por um bicho que não tem uma aparência muito amigável. Mesmo assim, a equipe vem realizando esforços para confeccionar os primeiros exemplares deste tecido ecológico. (Do CicloVivo com informações do Inovação Tecnológica)