Dilma aterrissa em território tucano e, no vácuo da cafetinagem de Kassab, coopta vice de Alckmin

Golpe baixo – Em condições políticas normais, a presença da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse dos novos diretores e conselheiros da Associação Comercial de São Paulo e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo seria considerada um colossal absurdo. Como a normalidade política saiu de cena com a chegada do PT ao poder central, o melhor que a oposição pode fazer é redobrar a atenção em São Paulo, pois os petistas, mesmo divididos, avançam no projeto de tomar de assalto o mais importante estado da federação.

Focada em sua antecipada campanha pela reeleição, Dilma abusou da ousadia e desembarcou na capital paulista para tirar o vice-governador Guilherme Afif Domingos do cargo e anunciá-lo como o novo ministro da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa. Filiado ao PSD de Gilberto Kassab, um dos piores prefeitos paulistanos em todos os tempos, Afif tem demonstrado que aprendeu bem as lições de seu chefe político e não esboçou qualquer constrangimento ao trair Geraldo Alckmin de forma acintosa.

Política é negócio e como tal tem seus rapapés, mas é preciso cuidado com as manobras petistas, pois o PT palaciano tirou tempo de rádio e televisão de uma eventual campanha de Alckmin pela reeleição. Em um país onde a extensa maioria da população é ignara em termos políticos, um minuto no rádio e na TV representam muito.

Se o PSDB quiser manter a hegemonia no estado de São Paulo, o partido deve cuidar das chagas produzidas pelo longevo racha interno e partir para a reação, pois na política o tempo urge com rapidez dobrada.

Troca inexplicável

Capitalista convicto, Guilherme Afif sempre foi um crítico ácido do Partido dos Trabalhadores. E foi a reboque do discurso antipetista que o agora ministro quase derrotou Eduardo Suplicy na disputa por uma vaga no Senado Federal, nas eleições de 2006. Com mais uma semana de campanha, Afif teria atropelado o senador petista nas urnas.

Em termos políticos, Guilherme Afif fez uma péssima troca. Deixou a vice-governança do mais importante estado brasileiro, cuja economia supera a de muitos países ao redor do planeta, para ser ministro de um governo marcado pela incompetência e corrupção.

O grande perigo da vaidade é que muitas vezes ela assassina a lógica e nocauteia o pensamento, como se nada importasse ao seu redor. Que os eleitores mais jovens guardem na memória esse golpe rasteiro arquitetado por Dilma Rousseff e pelo oportunista Gilberto Kassab, que aderiu à cafetinagem política.