Fogão a lenha –
No início de junho, quando se completam os 15 dias após a assinatura de contrato, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica receberá a documentação referente à fusão da Perdigão com a Sadia, que se transformou na maior empresa de alimentos da América Latina. Na manhã desta sexta, representantes das duas empresas realizaram uma visita de cortesia ao presidente do Cade, Arthur Badin. Os executivos não deram declarações à imprensa, da mesma forma que Badin foi econômico nas palavras. Ele disse apenas que espera os documentos para analisar e se manifestar.
Em nota distribuída no começo da tarde, o conselheiro do Cade, Fernando de Magalhães Furlan, se declarou impedido de analisar o processo da fusão “por razões de parentesco”. Furlan está em viagem internacional representando o Cade em Budapeste (Hungria). Ele foi chefe de gabinete do ex-ministro Luiz Fernando Furlan, entre 2003 e 2005. Furlan é acionista da Sadia, assim como o pai do conselheiro, que é irmão do pai do ex-ministro. Portanto, os dois são primos-irmãos. “Quando fui procurador-geral do Cade, também me declarei impedido em todos os casos que envolviam a Sadia e que passaram por mim”, afirma a nota do conselheiro do Cade.
O contrato de fusão entre as duas empresas com sede em Santa Catarina foi assinado na terça-feira, no mesmo dia em que foi publicada a nota explicativa ao mercado. A transação envolve um processo de troca de ações que permitirá a criação de uma nova empresa, a Brasil Foods, com faturamento anual previsto superior a R$ 20 bilhões e 111 mil funcionários. A fusão Perdigão-Sadia será um dos contratos mais desafiadores para o Cade, segundo confessou o presidente do órgão, Arthur Badin. O processo que começa em junho deverá ser julgado nos próximos meses e concluído até dezembro.