Mudez oficial – A reunião entre a presidente Dilma Rousseff e alguns ministros terminou, mas ninguém se manifestou após o encontro. A presidente ainda avalia se fará algum tipo de pronunciamento oficial para dar eventual resposta à sociedade sobre os protestos dos últimos dias, que somente na quinta-feira (20) levaram 1,2 milhão de pessoas às ruas de várias cidades brasileiras.
Participaram da reunião os ministros José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), Aldo Rebelo (Esporte) e Aloizio Mercadante (Educação). De fora da reunião ficou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o que já era esperado desde a noite anterior.
No meio do turbilhão em que se transformaram as manifestações, Dilma deixou clara a sua irritação com Cardozo e Carvalho, que erraram sobremaneira na condução periférica da crise. O ministro da Justiça cometeu um grave equívoco ao criticar a ação da Polícia Militar paulista e anunciar ajuda ao governador Geraldo Alckmin através da imprensa, assunto que poderia ter sido tratado por telefone. A obsessão de José Eduardo Cardozo por aparecer na mídia acabou acionando um rastilho de pólvora no gabinete presidencial.
O furor de Dilma com Gilberto Carvalho se deve ao fato de o secretário-geral da Presidência, a quem cabe promover a interlocução com setores da sociedade, não ter aberto diálogo com os movimentos sociais, que ao longo da história sempre apoiaram o Partido dos Trabalhadores.
É difícil afirmar se Carvalho errou sem ter conhecimento das entranhas do problema, mas é sabido que Dilma é centralizadora e não costuma dar liberdade a seus assessores, nem mesmo aos mais próximos. Por outro lado, não se deve desconsiderar o fato de que Gilberto Carvalho é pessoa da estrita confiança do lobista-fugitivo Lula, que trama diuturnamente contra sua sucessora, ao mesmo tempo em que afirma que apoiará a reeleição da atual chefe do governo.
A indecisão acerca de um pronunciamento de Dilma Rousseff mostra que o governo enfrenta grave crise política e que o País está sem comando. Se a presidente de fato analisou e ponderou as recentes manifestações, por certo adotará o silêncio, uma vez que a maioria das reivindicações populares tem o seu governo como alvo.