Corda bamba – O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista registrou queda de 0,9% em maio, na comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal, mostrou pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), divulgada nesta quinta-feira (27). A entidade deve revisar para baixo a projeção para o desempenho do setor e para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.
Segundo o diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), Walter Sacca, o INA acumula elevação de 4,7% entre janeiro e maio de 2013 comparativamente ao mesmo período do ano anterior. No entanto, esse percentual deve se reduzir ao longo do ano, já que tal crescimento se deu sobre uma base de comparação muito fraca em 2012.
“Deve haver uma redução do crescimento que a gente está verificando do índice de atividade, baseado na perspectiva mais conservadora de crescimento do PIB e no fato que a gente vai começar a comparar com um número maior de atividade no segundo semestre do ano passado”, afirmou Sacca.
Em maio, a Fiesp divulgou previsão de crescimento de 2,5% do PIB e de 3,2% da atividade industrial, mas as estimativas devem ficar ainda mais pessimistas.
“Se já era difícil fazer previsão dentro do ambiente econômico que o país estava vivendo. Nas circunstâncias atuais, com as mudanças comportamentais que estão sendo introduzidas pelo protesto popular, as previsões tornam-se ainda mais difíceis de fazer, mais imprevistas”, destacou o diretor do Depecon.
Barril de pólvora
O governo não desiste do discurso que garante o controle da economia, mas a realidade é bem diferente e pode ser conferida facilmente até mesmo pelos que desconhecem os fundamentos econômicos.
A desaceleração da atividade industrial sinaliza um futuro pouco sombrio para a economia brasileira, que torna-se ainda mais complicado por causa das constantes intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. A cada dia de intervenções, o BC tem torrado, em média, US$ 3 bilhões na modalidade de swap cambial. Apostar de forma tão arriscada, contando com as reservas brasileiras (US$ 340 bilhões), é desdenhar a resistência do mercado financeiro, que tem fôlego suficiente para desafiar a autoridade monetária nacional.
Para tentar conter a valorização da moeda norte-americana, o governo foi obrigado a flexibilizar as regras para o ingresso de dólares no País. Entre as medidas, a isenção de IOF na captação de recursos no exterior por parte das instituições financeiras provocará o aumento do crédito ao consumidor.
Para evitar o aumento da inflação decorrente de eventual alta do consumo, o País terá de conviver com invasão ainda maior de produtos estrangeiros, pois do contrário, a depender da combalida indústria nacional, a demanda será muito maior que a oferta. O que desestabiliza sobremaneira a economia.
Esse cenário levará bancos e financeiras a facilitarem a concessão de crédito, uma vez que o dinheiro captado no exterior precisa ser investido com urgência para que sejam honrados os respectivos compromissos contratuais. O ingrediente perigoso nessa equação está em binômio conhecido: baixos salários da classe trabalhadora e elevado grau de endividamento das famílias.
Desde 2003 o PT brinca de governar, o que fez com que a última década fosse perdida, mas a população, embriagada pelo consumismo, demorou a perceber a farsa. Sempre preocupado com o projeto totalitarista de poder, o PT empenha-se para escapar de uma crise político-econômica que pode levar o partido a uma derrota histórica em 2014.
A dura realidade da economia chegou, há muito, nas prateleiras dos supermercados, o que funcionou como centelha para as manifestações contra o governo. Com o aumento dos preços alimentos, o cidadão passou a ter menos dinheiro para pagar contas e dívidas. E quando essa situação alcança a sociedade de forma generalizada, não há o que segure a insatisfação popular, nem mesmo as sempre bem elaboradas mentiras palacianas.