Perna curta – De olho no Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense, a ainda ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, não desistiu da ideia de se transformar na musa do agronegócio, mas o terreno parece não ser tão fértil. Isso porque Gleisi citou, em depoimento na Câmara dos Deputados, supostos estudos da Embrapa para contestar pareceres da Funai acerca da demarcação de terras indígenas. A incursão de Gleisi Hoffmann no parlamento serviu para tentar fundamentar a decisão do governo petista de Dilma Rousseff de suspender demarcações de terras indígenas no Paraná.
A questão é que Gleisi foi desmentida pela própria Embrapa, que desmontou a alegação da ministra. “A Embrapa não tem por atribuição opinar sobre aspectos antropológicos, étnicos ou de mérito envolvendo a identificação, declaração ou demarcação de terras indígenas no Brasil. Essa é uma atribuição da Funai”, afirmou o presidente da empresa, Maurício Lopes, deixando claro que Gleisi mentiu para os deputados.
Convocada pela bancada ruralista para prestar esclarecimentos sobre possíveis irregularidades na Funai, a petista anunciou que as demarcações no Paraná estavam suspensas e que a decisão havia levado em conta as análises da Embrapa, que passaria a ser consultada sobre novas delimitações.
O presidente da Embrapa afirmou que a empresa apenas forneceu à Casa Civil as análises sobre ocupação e o uso das terras rurais. Lopes disse que a Casa Civil também solicitou à Embrapa dados “sobre a agropecuária e a dinâmica do uso e da ocupação das terras” no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Colocada em inconteste saia justa, Gleisi arrumou zona de conflito tanto com os ruralistas (que mais uma vez saíram como vilões) quanto com os defensores dos índios, que passaram a ver a ministra como uma espécie de versão tupiniquim do general Custer. Quanto à mentira no depoimento aos deputados, as interpretações sobre a gravidade do caso se dividem. Os mais rigorosos falam em crime de responsabilidade.