Fio desencapado – Governador do mais importante estado brasileiro, Geraldo Alckmin (PSDB) precisa urgentemente dar uma explicação ao povo paulista sobre a atuação da polícia, pois há algo no setor que não bate.
Que os policiais e os tucanos da terra dos bandeirantes jamais se entenderam em uma série de assuntos todos sabem, mas muitos procedimentos do setor têm uma sequência lógica. Há dias, a Polícia Civil paulista prendeu temporariamente um cidadão boliviano sob a acusação de que ele seria o responsável pelo assassinato de sua namorada e os quatro filhos, encontrados mortos em um apartamento de Ferraz de Vasconcelos, cidade-dormitório da Grande São Paulo.
Para prender o boliviano, os policiais tomaram por base um bolo e uma jarra de suco encontrados no apartamento, suficiente para que fosse levantada a tese do envenenamento. Sem que testemunhas fossem ouvidas, o boliviano foi levado à prisão, mas a perícia concluiu que os produtos recolhidos pelos policiais não continham nenhum produto químico venenoso. A polícia não considerou a possibilidade de a morte ter ocorrido por vazamento de gás, uma vez que o morador anterior do apartamento morreu três meses antes em situação estranha.
Os policiais erraram também ao não ouvir a filha que o boliviano teve com a namorada morta, que comeu o bolo e tomou o suco e não apresentou qualquer tipo de reação. O acusado foi colocado em liberdade por determinação da Justiça de São Paulo, mas é importante salientar que o Estado terá de indenizar o boliviano por danos morais, conta que não deve ser pequena.
No contraponto, um assaltante agiu impunemente na Zona Oeste da capital paulista, obrigando motoristas a pararem seus carros mediante o uso de arma de fogo. Os assaltos ocorriam em uma curva que liga a Rodovia Raposo Tavares à Avenida Escola Politécnica. Com base em boletins de ocorrência registrados desde março passado, a polícia informou que o bandido fez mais de cinquenta vítimas, número que pode ser muito maior porque muitos dos assaltados não procuram a delegacia para comunicar o fato. Mas a polícia paulista só prendeu o abusado assaltante depois que uma moradora da região filmou o criminoso em várias ações, levando as imagens à delegacia.
Resumindo, para cometer um grave equívoco a polícia paulista precisou de algumas poucas horas, mas para prender um assaltante que agia impunemente foram precisos seis meses, além da ajuda da moradora. Só falta o governador querer que os cidadãos mantenham em suas casas equipamentos de gravação para flagrar os meliantes que a polícia ignora. Com a palavra, Geraldo Alckmin!