Pavio aceso – Muitas são as notícias sobre o paradeiro de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT). Horas depois de o Supremo Tribunal Federal expedir os mandados de prisão de doze condenados no processo do Mensalão do PT, surgiu a informação de que Pizzolato teria fugido para a Itália para não cumprir a pena que lhe foi imposta pela mais alta Corte do Judiciário.
Detentor de dupla cidadania, Henrique Pizzolato, de acordo com informações iniciais, teria deixado o País através da cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, de onde teria seguido de carro para a Argentina. Da capital Buenos Aires ele teria viajado para a Europa com um documento supostamente emitido por um consulado italiano em substituição ao passaporte do país europeu, que foi entregue à Justiça brasileira.
Acontece que as representações diplomáticas italianas na Argentina e no Paraguai negam que Pizzolato tenha solicitada a segunda via do passaporte ou conseguido algum documento que substituísse o documento e permitisse viajar. A hipótese que está sendo considerada é que Henrique Pizzolato tenha viajado com um passaporte falsificado, conseguido com criminosos que atuam em território paraguaio.
Porém, nas últimas horas surgiu a notícia de que Pizzolato estaria no Brasil, contrariando todas as informações sobre eventual fuga para a Europa. O ex-diretor do BB, que repassou às agências de Marcos Valério R$ 73 milhões do Visanet, sabe demais sobre o escândalo do Mensalão do PT e um eventual depoimento seu poderia implodir o Partido dos Trabalhadores, que focado na reeleição da presidente Dilma Vana Rousseff não quer saber de novos escândalos.
Na madrugada desta quinta-feira (21), o ucho.info recebeu documento exclusivo que mostra que Henrique Pizzolato deixou o Brasil pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, usando um passaporte italiano, conforme pode ser conferido no documento emitido a partir do Sistema de Tráfego Internacional (STI), do Departamento de Polícia Federal. (Clique para visualizar o documento no tamanho original)
Há nesse episódio pelo menos dois detalhes estranhos. O primeiro deles é que no documento “Histórico do Viajante”, emitido pela Polícia Federal, o sobrenome Pizzolatto está grafado com um “O” a mais, o que poderia confundir o sistema de checagem do serviço de imigração. O segundo detalhe é que o sistema da PF no Aeroporto de Guarulhos ficou fora do ar durante uma semana, tendo retornado somente na terça-feira (20), conforme informaram alguns policiais com quem o ucho.info conversou.
Esse imbróglio que surge no rastro do escândalo do Mensalão do PT sugere que Henrique Pizzolato pode ter deixado o País durante o período em que o sistema da PF ficou fora do ar ou, então, ter viajado na própria terça-feira (20).
É importante ressaltar que o serviço de imigração, que deveria estar sob a responsabilidade de agentes da Polícia Federal, é operado por funcionários terceirizados, o que torna o setor vulnerável, uma vez que a corporação não tem total controle sobre a operação, apesar de a base de dados ser oficial.
Considerando a possibilidade de Henrique Pizzolato ter deixado o País por um dos aeroportos brasileiros, isso só teria sido possível com a conivência de autoridades federais, algumas interessadas no sumiço do ex-diretor do Banco do Brasil, que desde a CPI dos Correios é considerado um arquivo ambulante. Não custa lembrar que no momento em que acusou o envolvimento de Luiz Gushiken, já falecido, no esquema criminoso do Mensalão do PT, Pizzolato foi abandonado pelo partido.