Decisão pouco inteligente – Há muito tropeçando no papel de oposição, os tucanos dão mostras de não saber fazer política. O pior é que mesmo assim conseguem permanecer sobre o salto alto. Governador do mais rico e importante estado da federação, São Paulo, Geraldo Alckmin disse que não vê razão para afastar alguns secretários antes de ter acesso ao depoimento de Everton Rheinheimer, ex-diretor da Siemens.
Em relatório entregue em 17 de abril passado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Rheinheimer afirmou possuir “documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo” durante os governos tucanos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. No documento, o ex-funcionário disse que o esquema “tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”.
No relatório, ao qual o jornal “O Estado de S. Paulo” teve acesso, Rheinheimer envolveu no escândalo tucanos de fina plumagem, como os secretários estaduais Edson Aparecido (Casa Civil), José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), além do senador Aloysio Nunes Ferreira. Eles são citados pelo ex-diretor da Siemens “como envolvidos com a Procint”, empresa do lobista Arthur Teixeira.
Todos os acusados negaram qualquer envolvimento com o caso, sendo que alguns prometem recorrer à Justiça para processar o ex-diretor da Siemens. É fato que não há culpado sem prova, mas Alckmin deveria apenas afastar seus secretários para preservá-los e dar transparência à investigação. Ao se negar a afastar seus colaboradores, o governador paulista dá ao PT a munição eleitoral que o partido tanto sonhava, principalmente no momento em que os mensaleiros cumprem pena de prisão.
Então presidente da República, Itamar Franco decidiu afastar Henrique Hargreaves, chefe da Casa Civil, logo após denúncia de corrupção. Itamar acreditava na inocência do amigo de longa data, mas preferiu protegê-lo. As investigações nada comprovaram contra Hargreaves, que voltou ao cargo mais forte do que antes. O exercício da política exige, muito mais do que discurso, sensibilidade para lidar com fatos que surgem repentinamente em uma seara que é conhecidamente complexa e traiçoeira.