Saindo de cena – O escândalo da Máfia do ISS, em São Paulo, começa a sair do noticiário, como se o caso de corrupção estivesse solucionado. Os fiscais corruptos ainda chafurdam nos minutos de fama que restam, concedendo entrevistas rotuladas como exclusivas, enquanto ex-mulheres, amantes e namoradas dos criminosos aguardam a oportunidade de levarem a nudez para as páginas de algumas revistas masculinas. Um enredo sórdido que faria corar de vergonha a mais ousada frequentadora de trottoir.
Quando as investigações alcançaram o petista Antonio Donato, então secretário de Governo da atual administração paulistana, o PT reavaliou a estratégia e ordenou o fim da artilharia contra Gilberto Kassab. Tão logo o escândalo eclodiu e ganhou as manchetes, Fernando Haddad, o prefeito incompetente, passou a atirar na direção do antecessor. Kassab que não é amador e muito menos estreante na política, agiu rápido e colocou o petista que o sucedeu em má situação.
Como sempre acontece nas hostes do PT, Antonio Donato, que teve o nome envolvido com os fiscais criminosos, retornou à Câmara Municipal e foi recebido com festa pelos companheiros de legenda. Um absurdo sem limite, que mais uma vez acontece para fingir que o PT é um reduto de probidade e boas intenções, quando na verdade o partido mostrou na última década a sua vocação para o banditismo político.
Desde que desembarcou do Democratas e criou o PSD, partido que preside no âmbito nacional, Gilberto Kassab sempre flertou com os petistas. Bastou uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para que uma ordem descesse a rampa do Palácio do Planalto e aterrissasse na sede da prefeitura da maior cidade brasileira. Kassab confirmou apoio ao projeto de reeleição de Dilma, ao passo que Haddad foi obrigado a recolher as armas. Resumindo, por conta do projeto totalitarista de poder o PT ajudou a dificultar as investigações do caso da Máfia do ISS.
Corrupção na concessão do chamado “habite-se” existe há séculos, mas os moradores da cidade de São Paulo têm o dever de cobrar a solução de um escândalo que começa vagarosamente a ser varrido para debaixo do tapete. É sabido que o avanço das investigações colocará muitos partidos na fila da degola, inclusive o PT, mas não se pode aceitar a enorme e mal cheirosa pizza que já está a caminho.
Ademais, não custa lembrar que uma campanha à prefeitura de São Paulo, com grande chance de sucesso, não sai por menos de R$ 100 milhões. E quem entra com o objetivo de vencer não carrega na bagagem apenas boas intenções, até porque isso é mercadoria raríssima na política. Se chacoalharem o escândalo do ISS paulistano, certamente muita gente graúda há de cair dessa caixa de Pandora.