Enredo ensaiado – É no mínimo chicaneira a tentativa dos petistas de transformar em vítimas os mensaleiros condenados à prisão na Ação Penal 470. Quem puxa a fila da dramatização é Miruna Genoino, filha do ex-presidente do PT, José Genoino, condenado cumprir pena restritiva de liberdade em regime semiaberto.
Na segunda-feira (6), o juiz Bruno Ribeiro, da Vara das Execuções Penais do Distrito Federal, determinou que o ex-deputado seja intimado a pagar a multa estipulada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do processo do Mensalão do PT. Genoino foi condenado a pagar R$ 468 mil.
Na rede social Facebook, Miruna apelou ao dramalhão e escreveu que sua família não tem recursos para pagar a mencionada multa em até dez dias após a intimação. “Tenho certeza de que todos aqui sabem perfeitamente que eu e minha família não temos como pagar 468 mil reais”, escreveu a filha do mensaleiro, que ao se entregar à Polícia Federal, em São Paulo, resolveu posar de mártir. Em mensagem publicada na página do Facebook da assessora de Genoino, Miruna foi além: “O que vão fazer conosco? Vão tomar a nossa casa?”.
A filha de José Genoino deveria se inteirar sobre o que determina a legislação brasileira sobre o chamado bem de raiz, que não é passível de penhora, mesmo em caso de condenação na esfera criminal. O ex-presidente do PT foi defendido por um advogado conhecido na esfera do Direito Criminal e deveria procurá-lo para saber que passo tomar diante da determinação da Justiça. Quando assinou os contratos dos empréstimos bancários fictícios, José Genoino tinha plena consciência do que estava fazendo. Só vaio a se fazer de inocente depois que o escândalo do Mensalão do PT eclodiu.
José Genoino deveria se dar por satisfeito com a condenação imposta pelo STF, que assim como a Procuradoria-Geral da República não consegui enxergar o viés da ficção que emoldurava os empréstimos bancários que serviram para “esquentar” o dinheiro do criminoso caixa do Mensalão do PT. Parte do dinheiro da propina cobrada em Santo André acabou em contas bancárias em paraísos fiscais, sem que seus operadores soubessem com repatriar o numerário ilegal. O dinheiro foi repassado aos bancos do Mensalão por meio de transferências para instituições financeiras sediadas em paraísos fiscais, como o Tradelink Bank, de propriedade do agora falido Banco Rural. Concluída essa fase da operação, o banco entregava o dinheiro no Brasil por meio de empréstimos bancários fictícios.
O melhor que Miruna Genoino pode fazer a essa altura dos acontecimentos é mergulhar em obsequioso silêncio, antes que a situação do seu pai e outros mensaleiros piore. Até porque, o STF e o Ministério Público Federal já estão a escarafunchar os documentos do escândalo que ficaram de fora das investigações. E ainda há muita lama fétida para vir à tona.
No tocante ao valor da multa que José Genoino está obrigado a pagar, o PT não deixará um companheiro histórico à beira do caminho. Afinal, meio milhão de reais é troco para um partido político que pretendia, de acordo com Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, movimentar pelo menos R$ 1 bilhão no caixa do criminoso esquema palaciano.