(*) Lígia Fleury –
O ano começou e, como sempre, muitas regiões do Brasil sofrem com as chuvas de verão. As altas temperaturas mobilizam o turismo para as cidades de praia. Aqueles que não viajam, buscam o lazer em parques, clubes, piscinas, atividades ao ar livre, cinemas, exposições, livrarias, restaurantes. Ou simplesmente ficam em casa, desfrutando o que a vida pode lhes oferecer.
Qualquer opção é válida, pode ser agradável. Mas muitas vezes, podem vir acrescidas de problemas. O brasileiro, de maneira geral, não é educado para viver em sociedade. Basta ver o acúmulo de lixo nas ruas, nas praias, nos parques. Quando a tempestade chega, os bueiros entupidos ajudam nos alagamentos e aí todos culpam as prefeituras, o estado, o país.
Mas quem produz a sujeira que entope bueiros? Quem as joga no chão? Quem não utiliza os recursos da reciclagem? Lagos que fazem parte da paisagem natural de parques são lotados de lixo como garrafas, papeis, pacotes de salgadinhos, bitucas de cigarro etc. O mesmo tem acontecido nas maravilhosas praias brasileiras, nos rios que cortam as cidades, nas ruas de todo o país. O lixo tem sido depositado em todos os lugares menos nas lixeiras.
O governo pode ser responsável pela falta de manutenção, pela falta do acesso da população às informações, pela desorganização populacional, pela falta de cestos de lixo nas ruas e da mão de obra para a limpeza, pela falta de planejamento para que as cidades suportem o excesso de lixo produzido. Mas cada cidadão é responsável pelo que produz. Jogar o lixo na lixeira já seria suficiente para que bueiros não fossem entupidos, o que contribuiria muito para a diminuição das enchentes. Esse é apenas um dos pequenos grandes problemas do Brasil, que podem se agravar ainda mais neste ano de Copa do Mundo.
O brasileiro que não se educou para a vida em sociedade, vai assinar embaixo o atestado de povo mal educado. No ano em que poderíamos ser exemplo de país alegre e educado, vamos passar por um povo que não cuida do transporte público, da higiene e limpeza das cidades.
Talvez por ser inverno, período de poucas chuvas, o problema das enchentes não apareça. Mas a Copa acaba e o próximo verão voltará para, mais uma vez, se repetir o caos e o descaso do brasileiro com o próprio país. Estamos preocupados com a repercussão da Copa? Sim! E muito! Transporte, comunicação visual, paisagens, assistência médica aos turistas, segurança… a Copa vai passar e a imagem que o brasileiro produzir será a que ficará para o mundo.
Como certeza, o fato de que se desde sempre o país tivesse se preocupado em educar a população, não teríamos o descaso com a segurança, com a saúde. Mas a Copa vai passar e nós vamos continuar com os mesmos problemas nos três pilares que sustentam um povo: educação, segurança e saúde. Porém, com algo a mais: a imagem que ficará na lembrança mundial!
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.