Guerra entre petistas, com Lula e Dilma em lados opostos, está apenas começando, mas promete

(Pedro Ladeira - Folhapress)
(Pedro Ladeira – Folhapress)
Chumbo grosso – A crise institucional que se instalou no País e que vem chacoalhando as estruturas do Palácio do Planalto é muito mais grave do que imaginam os brasileiros. Quem acompanha a política nacional e interpreta a crise em suas entrelinhas não demora a perceber que é perigosa e intensa a queda de braços que tem lugar nos bastidores do poder.

O primeiro recado do Palácio do Planalto aos defensores do “Volta Lula” se materializou no calvário imposto ao deputado petista André Vargas (PR), que por conta de seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef licenciou-se do mandato parlamentar e da vice-presidência da Câmara. Não que Vargas seja um monge tibetano, até porque seu telhado de vidro é extenso, mas o tiroteio foi um recado de Dilma a Lula.

Dilma enfrenta uma grave crise, como afirmamos, e vê as consequências alcançarem seu projeto de reeleição. Vaidosa o suficiente para não aceitar uma derrota nas urnas, Dilma começa a perder o controle em relação à atuação de Lula nos bastidores. O ex-metalúrgico nega a possibilidade de novamente disputar a presidência, mas não desautoriza os entusiastas da causa. E um desses entusiastas é André Vargas, a primeira peça do tabuleiro petista a cair.

Acontece que, em 1998, o petista André Vargas foi coordenador da campanha de Paulo Bernardo da Silva, atual ministro das Comunicações, à Câmara dos Deputados. Na ocasião, Vargas usou o doleiro Alberto Youssef para lavar R$ 120 mil da campanha de Paulo Bernardo. E por conta disso foi denunciado, juntamente com Youssef, por lavagem de dinheiro. Fosse pouco, Vargas foi escolhido para coordenar a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. André Vargas surgiu em cena depois que o pedófilo Eduardo Gaievski, então braço direito de Gleisi, foi preso. Gleisi Hoffmann é muito ligada a Dilma Rousseff e pode ter seus segredos políticos revelados pro Vargas, que está enfurecido por ter sido abandonado pela ex-chefe da Casa Civil.

Chegar a essa conclusão é algo simples e não exige informações exclusivas do Palácio do Planalto, apesar de o ucho.info tê-las com frequência. A Polícia Federal há muito tinha em mãos as informações sobre o envolvimento de André Vargas com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato. Na Polícia Federal quem dá a última palavra é o ministro da Justiça. José Eduardo Martins Cardozo, apesar de garantir que a PF independente, mesmo depois de ter sido transformada em polícia de governo. Quem manda em Cardozo é ninguém menos que Dilma Rousseff, que cansada das estripulias da tropa de choque de Lula pode ter ordenado o vazamento das informações sobre o escândalo envolvendo André Vargas.

O próximo dessa lista de peças a serem derrubadas no tabuleiro petista é o deputado federal Vicente Cândido (SP), homem de confiança de Luiz Inácio da Silva. Cândido é outro defensor ferrenho do “Volta Lula” e por isso já teve o nome vinculado ao doleiro Youssef. É uma questão que apareçam denúncias contra Vicente Cândido, que em passado não muito distante assumiu a campanha para que o malandro Lula tivesse direito a um terceiro mandato.

Para quem acredita que esse tipo de situação é mera conjectura deste site, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, adoçou seu discurso em relação à bisonha compra da refinaria texana de Pasadena. EM depoimento no Congresso nesta terça-feira (8), Gabrielli disse que a compra da refinaria norte-americana foi um excelente negócio e que Dilma decidiu com base em dados que retratavam a realidade econômica global da época. Por mais diversa e ácida que tenha ficado o cenário econômico mundial, comprar por US$ 1,18 bilhão uma empresa obsoleta que meses antes foi adquirida por US$ 42 milhões jamais será um bom negócio. A não ser que debaixo da refinaria de Pasadena existe uma descomunal jazida de ouro e diamante.

Quando pela segunda vez estourou o escândalo de Pasadena, a reboque de uma nota atabalhoada do Palácio do Planalto ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o petista José Sérgio Gabrielli disse que Dilma sabia das cláusulas contratuais do negócio, classificadas como normais e usuais em transações desse naipe. Para quem adotou um discurso agressivo semanas atrás, Gabrielli se mostrou, nesta terça-feira, um obediente e adestrado cordeiro comunista.

Ao longo dos últimos onze anos, o PT mostrou ao País a sua inconteste vocação para o banditismo político. O que se vê no momento resulta de uma briga intestina do partido, porque não afirmar que se trata de um confronto de gangues que não querem perder o domínio sobe setores do governo, transformados em verdadeiras cornucópias criminosas. Essa queda de braços entre os sicários que se instalaram no poder está apenas começando. Quem frequenta as coxias da política verde-loura sabe que isso é verdade.