Abuso de poder – Líder da Minoria no Congresso Nacional, o deputado feder Ronaldo Caiado (DEM-GO) acusou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de praticar tráfico de influência ao interferir em estatais para a liberação de recursos em favor da entidade ligada ao MST para financiar evento que terminou em tumulto, em Brasília.
Carvalho esteve, nesta quarta-feira (9), na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para explicar o repasse de recursos governamentais ao MST, as críticas ao comportamento da PM do Distrito Federal em manifestação do MST e as denúncias do ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., de que teria recebido propina enquanto trabalhava com o prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.
“Quando um ministro de Estado liga para um presidente da Caixa Econômica, nessa hora, ele não está solicitando, é uma ordem para liberar os recursos. Não é uma pessoa comum interferindo, isso é tráfico de influência! Tira a liberdade das estatais de decidirem as prioridades dos patrocínios”, opinou Caiado.
Na mesma audiência pública, Gilberto Carvalho admitiu ter feito gestão para que Caixa, BNDES, Petrobras e INCRA repassassem cerca de R$ 1,5 milhão à Abrapa, ONG ligada ao MST, para financiar congresso do movimento que terminou em tentativa de invasão do STF e do Palácio do Planalto, além de deixar 32 feridos. A afirmação foi feita após questionamento do democrata Efraim Filho (PB).
Caiado solicitou ao ministro informações detalhadas sobre a aplicação de recursos de patrocínio a ONGs e sobre a forma de escolha e atuação do comitê de patrocínio da Secretaria-Geral, segundo Carvalho, responsável por deliberar sobre a aprovação desses recursos. “Quando perguntado pelo deputado Efraim Filho, o ministro afirmou que ele próprio havia interferido e não um comitê de patrocínio, como disse depois, e isso configura tráfico de influência”, acrescentou Ronaldo Caiado.
Denúncias de Tuma Jr.
Os deputados Alexandre Leite (DEM-SP) e Caiado questionaram o ministro sobre seu recuo em relação à decisão de processar Tuma Jr., que acusou-o de receber propinas de empresários e repassá-las ao ex-ministro José Dirceu – condenado no processo do Mensalão do PT – enquanto trabalhava com prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.
“O senhor afirmou que iria processar Romeu Tuma Jr. em dezembro de 2013. Se nega todas as acusações o melhor a fazer não seria acioná-lo na justiça? As denúncias são graves e foram publicadas. Me causa estranheza esse fato até porque as outras pessoas citadas ou está morta ou está presa, condenado no processo do Mensalão”, disse Leite.
O ministro Gilberto Carvalho disse na audiência que, ao contrário do que declarou no ano passado, não dará palanque a Tuma Jr. e apenas o processará quando achar conveniente.
Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso Celso Daniel, divulgadas à época com exclusividade pelo ucho.info. Em uma delas, o atual ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza.