Sem privilégios – “Vamos pra CPI. Vamos investigar, mas vamos investigar tudo”. Com essa declaração o senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado Federal, comemorou a decisão ilegal e arbitrária da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de criar uma CPI ampla para investigar a Petrobras, a refinaria Abreu e Lima, o cartel de trens em São Paulo e a construção do porto pernambucano de Suape.
Humberto Costa é, além de líder da legenda, um dos “buldogues” do Palácio do Planalto no Senado, cuja missão é mostrar os dentes e resistir de forma incansável e intimidadora às incursões da oposição, que na condição de minoria teve seu direito constitucional violentado.
A falsa disposição do PT de investigar os escândalos da Petrobras fica evidente no momento em que o partido inflar a CPI com temas sem qualquer nexo causal, o que atenta contra as disposições da Carta Magna. Os petistas alegam que o fato determinado, exigência básica para a criação de uma CPI, é a malversação de recursos federais. Acontece que essa alegação chicaneira nem de longe consegue se aproximar da condição de “fato determinado”.
Contudo, se os petistas, que ao longo dos últimos anos exibiram vocação para o banditismo político, tiveram uma recaída e agora querem posar como puros monges tibetanos, que a CPI tome a declaração de Humberto Costa como lema e investigue tudo.
Como já destacou o ucho.info, se a CPI da Petrobras também terá em seu escopo investigatório o tema portos, que Rosemary Noronha seja convocada para depor na Comissão, pois a amante de Lula tem muito a revelar sobre as entranhas do esquema criminoso que funcionava no escritório paulistano da Presidência da República e foi desbaratado pela Polícia Federal no vácuo da Operação Porto Seguro.
Rose Noronha, como é conhecida a Marquesa de Garanhuns, comandava um esquema de venda de pareceres técnicos em órgãos federais e para tal se apresentava aos interlocutores como a amásia de Lula, que desde a eclosão do escândalo reduziu significativamente suas aparições públicas. Rose, a amásia, pode revelar detalhes interessantes e bombásticos sobre como avançou o projeto de construção de um novo porto na Ilha de Bagres, no litoral paulista, empreendimento do ex-senador Gilberto Miranda. Ainda gozando de certa influência nos subterrâneos da política verde-loura, Gilberto Miranda tem no caudilho José Sarney uma espécie de para-raios. Tendo como válida a declaração de Humberto Costa, não se pode restringir as investigações da CPI apenas ao porto de Suape.
Em relação ao tema trens e metrô, que os petistas mais uma vez se mostrem corajosos e moralistas, encaixando no espectro da CPI os metrôs de Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Nessas três capitais os escândalos são muito maiores que a extensão das linhas metroferroviárias.
À lide devem ser chamados os representantes e dirigentes das empresas Alston e Siemens, desde que aceitem falar não apenas do escândalo que teve lugar em São Paulo, mas também sobre a Eletrobras e a binacional Itaipu. Se isso acontecer de fato, metade do PT irá pelos ares.
Para encerrar, o que não significa que o polêmico assunto chegou ao final, a CPI deveria convocar pelo menos duas pessoas para depor sobre os muitos escândalos da Petrobras, começando pela bisonha aquisição da refinaria de Pasadena, no estado norte-americano do Texas: Luiz Inácio da Silva e Dilma Vana Rousseff. Afinal, Lula era o presidente da República à época dos escândalos, enquanto Dilma era chefe da Casa Civil.