Coro vermelho – A bancada do PT no Senado Federal abandonou momentaneamente o enfadonho discurso contra a CPI da Petrobras e colocou na pauta um movimento insano em defesa do mensaleiro José Dirceu, que cumpre pena de prisão no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Líder do PT no Senado e um dos “buldogues” do Palácio do Planalto, o pernambucano Humberto Costa ocupou o plenário da Casa para defender Dirceu, que continua aguardando autorização da Justiça para trabalhar em um escritório de advocacia da capital dos brasileiros. Mesmo o regimento interno do Senado não permitindo apartes em discursos de líderes partidários, Humberto Costa foi autorizado a ouvir dois companheiros de legenda: Eduardo Suplicy (SP) e Aníbal Diniz (AC).
Por questões óbvias ambos defenderam José Dirceu, mas o senador acreano foi além e disse que é preciso que o PT apele à sociedade para cobrar do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, um posicionamento sobre o pedido do mensaleiro petista, que por ter sido condenado ao regime semiaberto tem o direito de trabalhar durante o dia fora do presídio, desde que cumpridas algumas exigências.
Aníbal Diniz, que chegou ao Senado na condição de suplente de Tião Viana, atual governador do Acre, foi mais longe e afirmou que o presidente do STF quer se vingar de José Dirceu. Trata-se de uma afirmação absurda e descabida, pois Joaquim Barbosa não tem motivo algum para se vingar do ex-comissário palaciano e chefe dos mensaleiros. Na verdade, Barbosa apenas cumpriu a lei, algo que os petistas rechaçam quando no alvo do Judiciário estão companheiros de legenda.
O prazo para avaliação do pedido de José Dirceu se estendeu por culpa do próprio condenado, que a reboque da esperteza tentou ludibriar a Justiça brasileira. Dirceu, inicialmente, tentou levar adiante a farsa da contratação pelo Hotel St. Peter, em Brasília, onde trabalharia como gerente e receberia um salário mensal de R$ 20 mil. O ucho.info denunciou, em primeira mão, que tudo não passava de uma operação de faz de conta, que tinha como maior beneficiário o empresário Paulo Abreu, sócio do hotel e dono de diversas emissoras de rádio em todo o País.
Na sequência, também com denúncia exclusiva do ucho.info, José Dirceu foi acusado de usar telefone celular dentro do presídio da Papuda para falar com alguns petistas. O fato foi negado pelo preso e pela administração penitenciária do governo do Distrito Federal, mas vale lembrar que os benefícios do regime semiaberto estão condicionados ao bom comportamento do preso. Enquanto durou a investigação do uso de telefone celular por José Dirceu, assim como outras regalias, o pedido de autorização para trabalhar ficou suspenso.
É importante ressaltar, a despeito dos discursos dos senadores petistas, que José Dirceu é um preso comum, ao mesmo tempo em que o Judiciário é um Poder da República, não um departamento do Partido dos Trabalhadores, que insiste no criminoso aparelhamento do Estado como forma de garantir a implantação no País de um regime totalitarista de esquerda.
Em relação ao pedido de José Dirceu, a Procuradoria-Geral da República, que nesses casos deve ser ouvida, já deu parecer favorável, sendo que o ministro Joaquim Barbosa deve autorizar a saída do chefe dos mensaleiros para trabalhar no escritório do renomado advogado Gerardo Grossi.