Mãe de bailarino morto no Rio ignora a criminalística e quer que crime seja elucidado do seu jeito

dg_01Especialista em nada – É cada vez mais difícil compreender o Brasil, assim como é impossível entender os habitantes dessa louca Terra de Macunaíma. Na mídia nacional a pauta do momento é a morte do dançarino Douglas Rafael Pereira, conhecido como DG, encontrado morto após tiroteio entre policiais e traficantes no morro Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

O assunto só ganhou espaço na mídia porque DG integrava o elenco do programa “Esquenta”, da Rede Globo. Fosse um cidadão comum, por certo o assunto já teria caído no esquecimento. É preciso que a imprensa dedique isonomia ao tratar do noticiário, pois há no País outras tantas vítimas na mesma condição do bailarino global.

Fincado em Copacabana, o Pavão-Pavãozinho conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora, mas enquanto a sociedade não exigir do governo federal o patrulhamento ostensivo das fronteiras brasileiras como forma de combater o tráfico de drogas e o contrabando de armas, será inócua qualquer ação nos estados para enfrentar o crime organizado e o poderio dos traficantes.

Nada explica uma morte, mas é preciso compreender que em um gueto dominado pelos criminosos o cardápio do cotidiano é sempre recheado de notícias ruins. De uns tempos para cá, a população, de forma geral, decidiu creditar à polícia todas as mortes decorrentes do enfrentamento com os traficantes. O ucho.info não defende a ação irresponsável de policiais, mas não se pode aceitar a pasteurização da culpa na direção dos agentes do Estado que têm como incumbência garantir a segurança do cidadão.

A morte de DG foi seguida de manifestações populares que deixam dúvidas sobre os reais motivos do crime. A mãe do bailarino, que parece ter emprestado a repentina fama do filho, tem protestado a reboque do discurso de que não é leiga. Ela não apenas cobra solução para o caso, mas afirma que o filho foi torturado e morto por policiais. E para tal dá detalhes do crime que nem mesmo os peritos ainda conseguiram decifrar.

Pelo que se sabe, a mãe de DG não é formada em criminalística e muito menos atua na seara da perícia criminal. É compreensível a dor de uma mãe, mas é inaceitável qualquer conclusão antecipada e que surge no calor da emoção, até porque os especialistas em medicina legal desmentem o seu inflamado discurso. Aquele que no momento ousar esclarecer o crime tenta pegar carona no imbróglio ou está a serviço de alguém. A certeza que marca as palavras da mãe de DG soa estranha.

Calma com o andor

Enquanto afina o discurso diante de câmeras e microfones, a mãe do bailarino deveria vasculhar o perfil do filho na rede social Facebook. Foi o que fez o blogueiro Felipe Moura Brasil, de Veja, que em sua página na rede mundial de computadores trouxe mensagem postada por DG após a morte do traficante Patrick Costa dos Santos, o Cachorrão, em 18 de janeiro passado.

“PPG TA DE LUTO, E OS AMIGOS CHEIO DE ODIO NA VEIA, MAS TARDE O BICO VAI FAZER BARULHO…. #‎SAUDADES‬ ETERNAS CACHORRAO !”, escreveu DG em seu perfil no Facebook.

De acordo com Moura Brasil, um policial civil do Rio de Janeiro traduziu a mensagem de DG, o que deixa claro que o bailarino do programa “Esquenta” não era o querubim barroco que sua mãe e a comunidade do Pavão-Pavãozinho tentam “vender” à opinião pública. Da mesmo forma que o ucho.info não está a negar o fato de que ele foi vítima. Só não se sabe se da polícia ou dos traficantes do morro.

“- “PPG” é a dita “comunidade” Pavão, Pavãozinho e Galo.

“Bicos” são fuzis de uso restrito das forças armadas, de grosso calibre (7,62mm e 556mm) e altíssima letalidade, como COLT AR 15, M-16, AK-47, G3 e outros.

“Os amigos” são os integrantes das quadrilhas que traficam drogas, cometem homicídios, sequestros, roubos e crimes variados.

“Fazer barulho” é efetuar centenas de disparos, aterrorizando a população ordeira.

“Cheio de ódio na veia” eu preciso explicar? Não é decerto o sentimento lindo de “miguxos” que querem obedecer a lei naquela noite e nos dias (meses e anos…) seguintes.”

Turma do contra

Está em marcha no Brasil um movimento cada vez maior pela desmilitarização das polícias, sonho dourado dos traficantes de drogas e do crime organizado. Não demorará muito e os policiais terão de pedir licença e desculpas aos fora da lei. Esse movimento conta com o apoio incondicional dos barões do tráfico, a quem interessa a desmilitarização das polícias, pois assim a comercialização das drogas será mais fácil e menos arriscada.

Só mesmo os irresponsáveis são capazes de apoiar um projeto como esse, enquanto o crime organizado se arma até os dentes. No momento da tensão do confronto com marginais que fazem uso de armamentos pesados e modernos, é difícil um policial identificar quem merece o revide. Um inocente que cruza a linha de tiro certamente será alvejado.

Com base em informações sobre os ferimentos encontrados no corpo do bailarino, especialistas em medicina legal creem que DG estava fugindo. Só não se sabe se da polícia ou dos traficantes. Por isso é preciso calma antes de qualquer conclusão precipitada.