Fechando o cerco – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) anunciou que o partido convidará o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), para explicar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa seu suposto envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato e denunciado pela Justiça Federal por comandar um esquema de lavagem de dinheiro.
De acordo com a PF, há indícios de que o petista sugeriu o nome de Marcos Cezar Ferreira de Moura para a diretoria do Labogen, laboratório que tem Alberto Youssef entre seus sócios. Moura trabalhou com Padilha na coordenação de eventos do Ministério da Saúde.
O próprio ex-ministro, que é candidato ao governo de São Paulo, admitiu em nota que atendendo a um pedido do ex-vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), tratou de negócios da empresa com o ministério que comandava. O contrato, suspenso após denúncias da imprensa, poderia chegar a R$ 150 milhões.
“Nada mais justo do que o ex-ministro Padilha ter o espaço público da Câmara para se explicar. Aliás, essa não é primeira suspeita de irregularidade envolvendo a sua gestão. Há a questão dos contratos da área de saúde indígena, investigados por vários órgãos. Queremos ouvir suas explicações”, afirmou Rubens Bueno.
Para o parlamentar, o ressurgimento do nome de Alexandre Padilha em investigação da Polícia Federal, que também envolve a Petrobras, coloca na vitrine o temor do PT em relação à instalação de uma CPI no Congresso. “Estamos vendo que, além da presidente Dilma, começam a aparecer vários candidatos do PT nessa trama que deu um prejuízo bilionário para a maior empresa do país. E parece que o esquema, que tudo indica funcionava com o objetivo de angariar dinheiro para campanhas, ultrapassou as fronteiras da Petrobras”, avalia.
As suspeitas
Reportagens veiculadas pela imprensa na noite de quinta-feira (24) apontam indícios de que o ex-ministro indicou o executivo Marcos Cezar Ferreira de Moura para a diretoria do Labogen, laboratório que tem entre seus sócios o doleiro Alberto Youssef, o principal alvo da investigação da PF.
Relatório de monitoramento da Polícia Federal mostra ainda que o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) participou de uma reunião, em Brasília, com Youssef e André Vargas para tratar de negócios com o doleiro. As informações têm como base conversas entre Vargas e Youssef, gravadas com autorização judicial. Teria também participado do encontro Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor de Mello.
“Numa das conversas com Youssef, em novembro passado, Vargas menciona o nome de Marcos Ferreira, que trabalharia na diretoria do Labogen e diz que a indicação seria de Padilha. Pouco tempo depois da conversa, o Labogen foi escolhido para firmar um contrato de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde, pasta chefiada à época por Padilha. As negociações com Labogen só foram suspensas depois que as relações suspeitas entre Vargas e Youssef foram tornadas públicas”, relata o jornal O Globo.