Papel carbono – Definitivamente a incoerência e a mola propulsora da política nacional. Enquanto os partidos de oposição esperneiam no Congresso Nacional por causa do jogo rasteiro do Palácio do Planalto no caso da CPI da Petrobras, em São Paulo a situação se inverte.
A Assembleia Legislativa paulista decidiu instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os contratos de concessão de rodovias e a cobrança de pedágio no estado, mas o governo tucano de Geraldo Alckmin não perdeu tempo e, repetindo a atuação dos petistas palacianos, conseguiu emplacar o deputado Bruno Covas como presidente da CPI.
Que no parlamento os majoritários sempre controlam CPIs todos sabem, até porque é o que determina o regimento interno das Casas legislativas, mas no caso em questão há uma raposa tomando conta do galinheiro, por assim dizer. A CPI dos Pedágios investigará o modelo de concessão que foi iniciado na gestão do então governador Mário Covas, avô do presidente da CPI.
Longe de querer acusar Bruno Covas de ser tendencioso na condução dos trabalhos da Comissão, o ucho.info entende que o governador Geraldo Alckmin deveria ser mais cuidadoso nessas questões, especialmente no momento em que seu partido, o PSDB, adota um discurso moralista contra o governo petista de Dilma Rousseff. Vale lembrar nesse caso o velho ditado sobre a mulher de César, a quem não bastava ser honesta, mas parecer como tal.
Os partidos que fazem oposição ao Palácio dos Bandeirantes chiaram por causa da composição da CPI dos Pedágios, em especial o PT, partido que não tem razão para reclamar, pois em Brasília os petistas fazem a mesma coisa no Congresso. “É muito estranha a composição dessa CPI. A tropa de choque organizada pelo governo Alckmin agiu para obstruir qualquer tentativa de desvendar o esquema de concessão de estradas em São Paulo”, declarou o deputado estadual João Paulo Rillo, líder do PT na Assembleia.
A distância entre Brasília e a cidade de São Paulo é de pouco mais de mil quilômetros, mas as incongruências políticas fazem com que as duas capitais fiquem muito próximas. É inaceitável o fato de a democracia ser refém de um cenário repleto de absurdos e discursos duais, enquanto o País sangra à espera de soluções que dependem da boa vontade e da eventual seriedade da classe política.