Octógono político – Prossegue violenta a troca de farpas e acusações entre o PT e o PMDB no Paraná, onde peemedebista Roberto Requião disputa com petista Gleisi Hoffmann a vaga para disputar o segundo turno contra o tucano Beto Richa, atual governador do importante estado da federação. O último ataque partiu do PT, que denunciou que o escritório político de Roberto Requião, na Rua Carlos Pioli, em Curitiba, funciona como comitê eleitoral do senador na sua intenção de participar pela quarta vez da corrida ao Palácio do Iguaçu. Todas as despesas, inclusive os salários dos 21 funcionários do escritório, são pagas pelo contribuinte e já custou R$ 972,9 mil aos paranaenses.
O troco veio rápido. Aliados de Requião dizem que outro coordenador de campanha de Gleisi Hoffmann, depois de André Vargas, se envolveu com a polícia. A acusação mira o deputado federal Zeca Dirceu (PT), filho do agora presidiário José Dirceu, que teve a assessora presa pela polícia do Paraná. Lucy Mary Silvestre Esteves, a assessora, foi presa em flagrante na última sexta-feira (23) ao usar um alvará com assinatura falsa do juiz Márcio Augusto Perroni, para sacar R$ 30 mil de um suposto pagamento de ordem judicial na Caixa Econômica Federal. Apesar do que afirmam os peemedebistas, o delegado Rogério Lopes, chefe da Divisão Policial do Interior, da Polícia Civil, disse que ainda não encontrou indícios comprovando o envolvimento do deputado e filho do ex-ministro José Dirceu no caso.
Instalado desde fevereiro de 2011, o escritório de Requião dribla, segundo os petistas, o ato nº 16/2009, da comissão diretora do Senado, que “autoriza os Senadores a manter escritório de apoio às atividades parlamentares”. No seu artigo 2º, o ato diz: “no escritório de apoio, somente poderão ser mantidas ou desenvolvidas ações ligadas ao exercício do mandato de seu titular”. Mas o que Requião faz no seu escritório, segundo os petistas, são atividades ligadas à sua pré-campanha na disputa do governo do Paraná.
Em despesas do escritório, ressarcidas pelo Senado, Requião já gastou R$ 292,9 mil em 40 meses: R$ 54,6 mil (em 2011), R$ 73,9 mil (2012), R$ 124,9 mil (2013) e R$ 39,3 mil nos primeiros quatro meses de 2014. Para funcionamento do escritório, Requião mantém 21 funcionários pagos pelo Senado e custam, em média, R$ 170 mil mensais (R$ 680 mil em salários nos 40 meses).
Os petistas fustigam a conhecida compulsão do senador de garantir a sobrevivência dos parentes quando ocupa cargos públicos. Quando foi governador empregou dois irmãos, um primo, e mulher em altos cargos no governo do Paraná.
No escritório, Requião pratica nepotismo, emprega uma sobrinha e agregados velhos e novos, como Cesar Setti (homem da comunicação da pré-campanha de Requião) e o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, também funcionário do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba da Prefeitura Municipal de Curitiba (Ippuc). Greca, que recebe R$ 7.062,45 mensais como assessor de Requião, não é visto no escritório e muito menos no Ippuc. Não se sabe se Greca acumula os salários do Ippuc e do Senado (o que é proibido por lei), já que não trabalha em qualquer dos dois locais.