Vai-vem tucano – José Serra queria mais uma vez concorrer ao Palácio do Planalto, não importando se por outro partido. Negociações aconteceram nos bastidores da política, mas o ex-governador ficou à beira do caminho. Uma eventual candidatura pelo PPS foi aventada, mas acabou não vingando. Na sequência, Serra começou a fazer biquinho por causa da candidatura de Aécio Neves, escolhido pelo tucanato para enfrentar a petista Dilma Rousseff na corrida presidencial.
Ex-prefeito da cidade de São Paulo, Serra acenou com a possibilidade de pendurar as chuteiras, mas foi alarme falso. Ressurgiu das cinzas e deixou no ar uma possível candidatura ao Senado Federal na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. No rachado PSDB paulista, Alckmin e Serra frequentam alas diferentes, mas se aturam por interesses políticos.
Serra é ligado a Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que esteve a um passo de embarcar na campanha de Alckmin. O que só não aconteceu porque José Serra ficou em cima do muro até a última hora, o que não é novidade no mundo tucano. Para que Kassab se juntasse a Geraldo Alckmin era preciso que Serra desistisse da candidatura ao Senado, mas a insistência do tucano ajudou a engrossar a campanha de Paulo Skaf, nome indicado pelo PMDB para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Skaf e Kassab dividirão o mesmo palanque, situação que contou com um considerável empurrão de Dilma e do PT.
Sem o apoio de Kassab, o tucanato paulista engoliu a decisão de Serra concorrer ao Senado, mas no último domingo (29), quando aconteceu a convenção estadual do PSDB, o mal humorado tucano mudou de ideia e anunciou que disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados. Bom para o partido, pois José Serra poderia ajudar a aumentar a bancada paulista de São Paulo no Congresso. Serra não gosta de Geraldo Alckmin e não suporta Aécio Neves, o que lhe garante a fama de desagregador. Fora isso, não consegue pensar em termos partidários e enxerga apenas os próprios interesses. Ou seja, um egoísta político.
Com Gilberto Kassab confirmado como candidato ao Senado na chapa de Paulo Skaf e o petista Eduardo Suplicy disposto a conseguir mais um mandato, o PSDB paulista correu para mudar o que já era considerado definitivo. José Serra foi anunciado no final da noite de segunda-feira (30) como candidato ao Senado na chapa de Alckmin. Isso porque se Aécio Neves vencer a eleição presidencial e Alckmin for reeleito, o estado de São Paulo ficará sem um senador alinhado como Palácio dos Bandeirantes. Afinal, o vice de Aécio é o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, que tem como primeiro suplente o peemedebista Airton Sandoval Santana.
Em disputa na eleição que se avizinha está apenas uma vaga no Senado, sendo que as outras duas serão renovadas em 2018. Dessas, uma está ocupada interinamente pelo ex-vereador Antonio Carlos Rodrigues, do Partido da República, mas a titular da vaga é a petista Marta Suplicy. E Marta dispensa maiores apresentações, pois sua trajetória fala por si.
O prazo de validade de Eduardo Suplicy venceu há muito tempo, sendo que a extensa maioria o eleitorado do mais importante estado da federação não mais o suporta, mas a polarização entre Gilberto Kassab e José Serra, criatura e criador, poderá favorecer o petista em sua tentativa de reeleição. E a questão é relativamente simples: Suplicy é visto como chato por parte dos eleitores, mas os índices de rejeição de Serra e Kassab não são pequenos. Ou seja, os políticos dizem se preocupar com o povo, mas têm olhos apenas para os interesses partidários e individuais. Mesmo assim, tem gente que o Brasil é uma democracia de fato.