Tudo combinado – Um dia após o cancelamento de mais uma reunião da CPMI da Petrobras, destinada a votar mais de 300 requerimentos que aguardam aprovação, muitos de quebra de sigilo, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), afirmou que a paralisia da comissão nada tem a ver com a Copa do Mundo ou com o início do processo eleitoral. De acordo com o deputado, a pressão das empreiteiras está emperrando a investigação.
“Há comentários no Congresso de que representantes de empresas com contratos com a Petrobras, muitas delas suspeitas de terem sido beneficiadas por meio de superfaturamentos de obras, estão procurando parlamentares indiscriminadamente, independentemente de partido. A CPMI foi instalada há 42 dias e três reuniões para votação de requerimentos de quebra de sigilo já foram canceladas por falta de quórum ou adiamento. Isso não acontece por acaso”, afirmou Rubens Bueno, que é autor de mais de 60 pedidos de quebras de sigilo de empresas, funcionários e ex-diretores da Petrobras, além de outras pessoas envolvidas nas denúncias.
O deputado lembra que enquanto o Ministério Público e a Justiça avançam nas investigações, o Congresso abre mão da apuração. “Já está claro que parte do dinheiro recebido por empreiteiras foi parar em empresas como a MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef. É bom lembrar que essa empresa também apareceu nas investigações da CPMI do Cachoeira como destinatária de repasses da construtora Delta. No entanto, até hoje o sigilo dela não foi quebrado”, criticou o parlamentar.
CPMI passa por tropicalização
Citando a obra da refinaria Abreu e Lima, cujo orçamento saltou de US$ 2,3 bilhões para mais de US$ 20 bilhões, o líder do PPS afirma que a comissão de inquérito pode pagar caro se insistir em engavetar a investigação. “A CPMI está passando por um processo de tropicalização e isso sempre gera um alto custo político”, ironizou Rubens Bueno, ao citar o termo utilizado pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para justiçar a elevação de gastos com a construção da unidade de refino da petroleira em Pernambuco.
Enquanto os trabalhos da CPMI não andam, a imprensa brasileira continua divulgando matérias apontando irregularidades em negócios da Petrobras. Nesta quarta-feira, por exemplo, o jornal “O Globo” traz reportagem afirmando que empreiteiras foram favorecidas nas obras da refinaria Abreu e Lima. Já o jornal O “Estado de S. Paulo” publica matéria destacando que para a Justiça Federal recursos públicos da Petrobras teriam sido desviados na construção de Abreu e Lima e lavados por meios de empresas “laranjas” identificadas durante a operação Lava Jato da Polícia Federal. “E a CPMI continua fingindo que quer investigar”, lamentou Rubens Bueno.