Caixa forte – Está cada vez mais baixo o nível da disputa pelo governo do Paraná. A troca de acusações entre o PMDB de Roberto Requião e o PT de Gleisi Hoffmann está atingindo níveis inéditos em termos de agressividade. No último episódio, o PT acusa o senador peemedebista de ter feito um ‘pacto sinistro’ com os donos do pedágio do Paraná para garantir tarifas elevadas caso vença a eleição. A prova desse acerto estaria na escolha de Marcelo Almeida, dono de dois dos mais lucrativos pedágios do Estado (a Ecovia e Ecocataratas) para ser o candidato ao Senado em sua chapa.
A acusação do PT é grave porque Requião se elegeu governador duas vezes (2002 e 2006) prometendo combate sem trégua (“baixa ou acaba”) aos pedágios e ensaia retomar o mesmo discurso na campanha deste ano, embora durante os oito anos em que governou o Paraná o pedágio não caiu de preço e muito menos acabou. Ao contrário, a tarifa foi elevada e novas praças de cobrança de pedágio foram inauguradas, além de ter deixado um passivo jurídico enorme em razão das ações judiciais tão espalhafatosas quanto inócuas.
A suspeita que a cruzada de Requião contra o pedágio foi uma farsa demagógica criada apenas para iludir os eleitores e ganhar votos não é nova. É a primeira vez, no entanto, que ela é exposta de forma tão aberta e acompanhada de uma evidência palpável. A decisão de Requião de colocar o dono dos principais pedágios do Paraná, Marcelo Almeida, que também atua abertamente como caixa de sua campanha, como seu companheiro de chapa. Os petistas, que estão em pé de guerra com Requião por seus ataques a Gleisi Hoffmann, dizem que o cinismo do senador é tão grande que ele não vai se constranger em voltar a ameaçar o pedágio de braço dado com o herdeiro da CR Almeida e dono dos mais importantes pedágios do Paraná.
Os resultados pífios obtidos por Requião na sua “guerra contra o pedágio”, entre 2003-2010, não impedirão o senador de usar o mesmo argumento nessa campanha, quando está, escancaradamente, aliado às concessionárias de rodovias, dizem os petistas. O discurso esquerdista de Requião nunca disfarçou seu enorme desprezo pela capacidade do eleitor, especialmente dos mais humildes, de entender o que realmente acontece na política.
Marcelo Almeida, candidato de Requião ao Senado, é o mais rico do país a disputar as eleições de outubro. De acordo com levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Almeida declarou patrimônio de R$ 740,5 milhões. Em segundo lugar na lista dos candidatos mais aquinhoados, depois de Marcelo Almeida, está o carioca Ronaldo Cezar Coelho (PSD)m, que também concorre ao Senado e declarou patrimônio de R$ 553 milhões declarados. Outros dois candidatos, que figuram entre os mais ricos e que concorrem em 2014, também são do PSD: o alagoense João Lyra, com R$ 247 milhões, e o paranaense Joel Malucelli, com R$ 236 milhões.