Terremoto político – A campanha da senadora Gleisi Hoffmann, que concorre ao governo do Paraná pelo PT e patina em pífios índices de intenção de voto (em torno de 10% segundo o Ibope e o Datafolha), sofreu um novo sobressalto. Um antigo escândalo petista, denunciado pela revista Veja em sua mais recente edição (data de capa 17 de setembro), pode respingar em Paulo Bernardo da Silva, ministro das Comunicações e marido de Gleisi. De acordo com a publicação, o PT teve de levantar às pressas R$ 6 milhões para pagar um chantagista com informações explosivas sobre alguns dos principais nomes do partido (entre eles Lula e Gilberto Carvalho e José Dirceu), acusados de envolvimento na misteriosa e covarde morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Para levantar o dinheiro e pagar o chantagista – o mensaleiro Enivaldo Quadrado – o PT armou um empréstimo com o Banco Schahin (vendido para o BMG em 2011), que pertencia a um grupo de empresas que opera intensamente com a Petrobras em negócios nada republicanos. Acontece que o grande operador do PT junto ao grupo Schahin, de acordo com denúncia do deputado André Vargas (ex-PT) à revista Veja de 12 de abril deste ano, é o ministro Paulo Bernardo.
“O ministro, segundo o deputado [André Vargas], seria o intermediário de contratos entre o grupo Schahin, recorrente em escândalos petistas, e a petroleira. Bernardo teria recebido uma corretagem por isso, recolhida e repassada pelo ‘Beto’. É assim, com intimidade de sócio e amigo, que Vargas trata o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que teria chegado a 10 bilhões de reais”, informa a Veja.
A tensão no PT do Paraná com a explosão de um novo escândalo no partido, que pode produzir estilhaços sobre a campanha de Gleisi, é fácil de entender. Candidatura construída pelo partido para ser a primeira a ter chances reais de chegar ao governo do Paraná, onde a rejeição ao PT é muito grande, Gleisi tornou-se vítima do jeito petista de fazer política. Levada à Casa Civil para ganhar notoriedade e musculatura política, Gleisi passou a perseguir o próprio estado, dificultando a liberação de empréstimos e recursos federais ao Paraná, na expectativa de viabilizar seu projeto de ocupar o Palácio Iguaçu.
Irresponsável, mas agora alegando inocência, Gleisi levou o pedófilo Eduardo Gaievski para a Casa Civil, onde na condição de assessor especial passou a cuidar das políticas do governo federal destinadas a crianças e adolescentes. Ou seja, um deliquente sexual contumaz, acusado de estuprar dezenas de meninas menores de idade nas redondezas da cidade de Realeza, algumas delas vulneráveis (menores de 14 anos), incumbido de cuidar de um importante programa do governo. Tudo no melhor estilo “raposa no galinheiro”.
Não bastasse essa bizarrice, Gleisi tinha como coordenador de campanha o deputado federal André Vargas (sem partido), envolvido com o doleiro Alberto Youssef em um laboratório-lavanderia (Labogen) criado para lesar o Ministério da Saúde.
Como se a empada política de Gleisi ainda precisasse de azeitonas extras, José Baka Filho (PDT), que até fevereiro passado estava cotado para ser candidato a vice na chapa da senadora petista, também se transformou em pedra no caminho. Baka Filho teve os bens bloqueados por conta de administração temerária na prefeitura de Paranaguá e é o mais novo investigado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que disseca as traficâncias do doleiro “globetrotter” Alberto Youssef.