Maior abandonada – O Partido dos Trabalhadores jamais chegou perto de eleger um governador do Paraná. O surgimento de Gleisi Hoffmann, com seu jeito de dondoca da Tríplice Fronteira, parecia capaz de mudar esse cenário sombrio na terra das araucárias. Por conta disso o partido investiu pesado em Gleisi. Dilma Rousseff levou-a para a Casa Civil, pois a ideia era dar-lhe uma espécie vitrine nacional para expor as qualidades da candidata do PT ao governo do Paraná.
Deu tudo errado. Na Casa Civil, Gleisi só conseguiu expor sua falta de qualificação. Desencadeou uma campanha selvagem de perseguição ao próprio estado, sonegando recursos e bloqueando empréstimos, crente que essa estratégia facilitaria sua eleição. Entregou a coordenação de sua campanha ao governo do Paraná ao deputado André Vargas (ex-PT), que está em vias de ser cassado por associação criminosa com o doleiro Alberto Youssef.
Levou para a Casa Civil, para coordenar as políticas do governo Dilma para crianças e adolescentes, Eduardo Gaievski, que já era investigado há mais de dois anos pelo Ministério Público do Paraná por uma série de crimes sexuais contra menores. Quando deixou a Casa Civil e voltou ao Senado, para disputar a eleição, Gleisi se destacou por tentar melar a CPI da Petrobras e combater uma emenda que reduzia a maioridade penal para crimes hediondos cometidos por menores.
Essa sucessão de desastres políticos produziu o que cientistas políticos do Paraná denominaram de “efeito Gaievski”. Uma combinação nefasta de fatores políticos que levaram Gleisi a ter a terceira colocação na corrida ao Palácio Iguaçu, os mais altos índices de rejeição (segundo o Ibope) e não ter conseguido empolgar sequer o pouco expressivo eleitorado do PT no estado. Na pesquisa Datafolha, divulgada na última sexta-feira (26), fica claro que Gleisi, que tem 10% das intenções de voto, contra 45% do governador Beto Richa (PSDB) e 30% do senador Roberto Requião (PMDB), não lidera nem entre os eleitores que citam o PT como o partido preferido.
Entre os simpatizantes do PT, o voto se distribui de maneira praticamente igual entre os três principais candidatos. Nesse segmento, Requião tem 31% das intenções de voto, Gleisi está com 30% e Richa, 29%. Ou seja, a ex-ministra não tem sequer a maioria do eleitorado petista do estado. Compartilha em partes iguais esse eleitor com Requião e até mesmo com o tucano Beto Richa, teoricamente o adversário maior da legenda. Um atestado cabal de falência de uma candidatura.